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POLÍCIA
Pesquisa mostra que pessoas armadas têm mais chance de ser mortas por ladrão do que as desarmadas
Vítima armada tem 56% mais risco de morte
ANDRÉ LOZANO
da Reportagem Local
Pesquisa inédita da Secretaria
da Segurança de São Paulo revela
que as pessoas que andam armadas têm 56% mais chance de ser
mortas por ladrões do que aquelas que circulam desarmadas.
O estudo, encomendado pela
secretaria para o núcleo de pesquisa do IBCCrim (Instituto Brasileiro de Ciências Criminais), faz
várias estimativas do risco do
porte de arma.
Para isso, a pesquisa levou em
consideração a população da cidade de São Paulo, de 1998, o número de armas registradas, estatísticas sobre apreensão de armas
e boletins de ocorrência de todos
os latrocínios (roubo seguido de
morte) cometidos na cidade de
São Paulo, no mesmo ano.
Segundo o levantamento, 18,2%
da população da capital porta arma de fogo legal ou ilegal. Ou seja,
1,8 arma para cada dez habitantes.
Em São Paulo, circulariam mais
de 1,8 milhão de armas nessas
condições.
Segundo o sociólogo e consultor da pesquisa Renato Lima, essa
taxa de 18,2% da população armada funciona como uma espécie de
"nota de corte". A partir dela, se
estabelece a probabilidade de
morrer ou sobreviver em um latrocínio.
As taxas acima de 18,2% representam maior risco de morte. Já
as taxas inferiores, chance menor
de morrer em um confronto.
Como 28,4% das vítimas de latrocínio possuíam armas de fogo,
esse valor é 56 pontos percentuais
superior à taxa da população que
anda armada. Já apenas 13,8% das
pessoas armadas conseguiram
evitar o latrocínio.
Segundo Ana Sofia Schimidt de
Oliveira, coordenadora de Análise e Planejamento da Secretaria
de Segurança, apesar de a base da
pesquisa ter sido a cidade de São
Paulo, "os resultados podem ser
generalizados, pois o trabalho
não está condicionado a características exclusivas da cidade".
Para cada crime de latrocínio
consumado com a vítima armada, foram geradas 2,2 vítimas. Já,
quando se considera o total de casos de latrocínio consumados (vítimas armadas ou não), essa proporção é reduzida: 1,5 vítima para
cada crime.
"Portanto, nos casos que envolvem vítimas armadas, existe um
maior risco, não só dela, mas de
outras pessoas morrem", afirma
Renato Lima.
O levantamento diz que os dados se aproximam de uma pesquisa coordenada pela ONU (Organização das Nações Unidas) em
que o Brasil aparece como o país
onde mais se mata com arma de
fogo -88,39% dos homicídios
seriam cometidos dessa forma. O
levantamento também diz que o
Brasil é o país com a maior taxa de
pessoas feridas por arma de fogo
-247,15 por 100 mil habitantes.
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