DA AGÊNCIA FOLHA, EM BELÉM

"O barco afundou em menos de 15 minutos e estava superlotado. O motor parou, as luzes se apagaram e todo mundo começou a gritar. Consegui me agarrar em um pedaço de madeira e salvar meus dois filhos."
A frase da dona-de-casa Ana Cláudia dos Santos Campos, 25, reflete o desespero dos passageiros durante e após o naufrágio.
Cláudia e o marido, José Carlos da Cunha Silva, 33, conseguiram salvar os filhos Débora Karina, 6, e Carlos Henrique, 3. "Nós seguramos um pedaço do barco e remamos durante três horas até a praia", disse. Segundo Cláudia, o barco parou em Parintins (AM), no meio do rio Amazonas, para que "umas 15 pessoas subissem". Depois, segundo ela, o barco ainda parou nos portos de Santarém, Monte Alegre, Almerim, Gurupá e Ponta de Pedras, todos no Pará.
Outra sobrevivente, Osmarina Cunha Silva, 46, afirmou que o barco já estava com a lotação esgotada quando saiu de Manaus. "Quando saí de Manaus, já estava com medo por causa da superlotação." Ela também conseguiu salvar sua filha, Linéia Cunha da Silva, 12, e o sobrinho Jefferson Silva, 9. "Nós nos agarramos em um colete salva-vidas e esperamos que a maré nos levasse até a praia." Osmarina disse que a embarcação começou a apresentar problemas quando chegou à baía de Barcarena. No local, uma correnteza forte agitava o barco.
"O barco começou a balançar, até que o casco rompeu e a água começou a entrar pelo porão." Ela conta ter perdido jóias, a mala de roupas e sua bolsa.
Lizalva Pereira Alencar, 52, disse que conseguiu se salvar por causa do colete salva-vidas. Ela também afirmou que o barco parou em quatro lugares para apanhar passageiros e estava superlotado. "A parte lateral do barco se abriu e foi um pânico geral."
O vendedor Raimundo Nonato Ferreira, 42, disse que só conseguiu se salvar porque segurou em um pedaço de madeira do barco.
"Parecia o naufrágio do Titanic. Ele tombou de lado, e todos começaram a gritar. Nadei cinco horas até conseguir chegar à praia. Um amigo que estava comigo está desaparecido. Espero que os responsáveis sejam punidos."


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