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POLÍCIA
Antônio Assunção de Olim foi denunciado à Justiça pelo Ministério Público pelos crimes de tortura e abuso de poder
Pedida prisão de delegado da anti-seqüestro
ANDRÉ CARAMANTE
DO "AGORA"
O Ministério Público pediu a
prisão preventiva de um dos principais delegados da Polícia Civil
paulista, especializado no combate aos crimes de seqüestro: Antônio Assunção de Olim, 45, da DAS
(Divisão Anti-Seqüestro).
O pedido, encaminhado à Justiça na última sexta-feira, é assinado por três promotores e acusa
Olim de ter comandado uma série
de crimes contra três moradores
do Jardim Planalto, em Sapopemba (zona leste), no dia 24 de abril
do ano passado, quando a DAS
investigava um seqüestro sofrido
pelo empresário P.N.B.
De acordo com a denúncia do
Ministério Público, além do delegado Olim, que é acusado pelos
crimes de tortura e abuso de poder, outros cinco policiais civis
-Éder França, 39, e Carlos Alberto Uehara, 37, ambos do 70º
DP (Sapopemba), e Marcos de
Franco, 39, Anselmo Silvestre
Sanches, 37, e o também delegado
Fábio Nelson Fernandes, 33, todos da DAS- colaboraram, direta ou indiretamente, nas sessões
de torturas físicas e psicológicas
promovidas contra o casal L.Z.A.
e J.O.A. e contra W.M.M.B.
Fernandes e Sanches foram denunciados porque não teriam feito nada para impedir as torturas.
Os "maus-tratos e as prisões arbitrárias" que teriam sido lideradas por Olim, segundo o Ministério Público, apontam que ele
"agiu fora da lei com o intuito de
obter uma confissão de participação" das três pessoas no seqüestro
do empresário, que havia sido libertado do cativeiro no dia anterior -23 de abril de 2003.
A equipe do delegado chegou,
no dia 24, à casa de J. e L. porque o
empresário a indicara como sendo o local do cativeiro.
Foi lá, na frente dos filhos do casal, que Olim e seus subordinados, principalmente o investigador Marcos de Franco, ainda segundo a Promotoria, agrediu-os
seguidas vezes, desferindo, além
de tapas, socos e golpes com canos das armas que portavam. Teria havido, ainda, xingamento e
ameaça de que os filhos do casal
iriam "parar na Febem".
Por causa da suposta tortura cometida contra o casal, uma vizinha deles, grávida de três meses,
C.G.S., teria perdido a criança. Para o Ministério Público, o aborto
ocorreu porque ela foi ameaçada
e xingada pelos policiais quando
tentava descobrir o que acontecia.
Mesmo sem ter mandado de
prisão ou de busca contra o casal e
contra W. -que foi preso nas
ruas do Jardim Planalto e não conhecia o casal-, Olim, dizem os
promotores, manteve-os presos
em celas da sede da DAS, na avenida Higienópolis (centro), entre
as 14h e as 23h, quando todos foram liberados por falta de provas.
J., L. e W. disseram ao Ministério Público que, na DAS, além de
apanharem de outros policiais
-que não conseguiram reconhecer-, foram submetidos a torturas com gás pimenta.
Exposição
Outro item destacado na denúncia da Promotoria contra o
delegado Olim é o de que ele "expôs ao vexame" público as três vítimas de seus supostos abusos.
Olim e seus homens teriam permitido que J., L. e W. fossem filmados, inclusive ao vivo, por programas policiais de redes de TV.
Segundo o Ministério Público,
em alguns momentos da reportagem sobre o caso, "o delegado assume o papel de jornalista".
O delegado teria chegado a afirmar aos programas de televisão
que se tratava de "um casal de seqüestradores que alugava cativeiros", informa a Promotoria.
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