São Paulo, terça-feira, 20 de janeiro de 2004

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POLÍCIA

Antônio Assunção de Olim foi denunciado à Justiça pelo Ministério Público pelos crimes de tortura e abuso de poder

Pedida prisão de delegado da anti-seqüestro

ANDRÉ CARAMANTE
DO "AGORA"

O Ministério Público pediu a prisão preventiva de um dos principais delegados da Polícia Civil paulista, especializado no combate aos crimes de seqüestro: Antônio Assunção de Olim, 45, da DAS (Divisão Anti-Seqüestro).
O pedido, encaminhado à Justiça na última sexta-feira, é assinado por três promotores e acusa Olim de ter comandado uma série de crimes contra três moradores do Jardim Planalto, em Sapopemba (zona leste), no dia 24 de abril do ano passado, quando a DAS investigava um seqüestro sofrido pelo empresário P.N.B.
De acordo com a denúncia do Ministério Público, além do delegado Olim, que é acusado pelos crimes de tortura e abuso de poder, outros cinco policiais civis -Éder França, 39, e Carlos Alberto Uehara, 37, ambos do 70º DP (Sapopemba), e Marcos de Franco, 39, Anselmo Silvestre Sanches, 37, e o também delegado Fábio Nelson Fernandes, 33, todos da DAS- colaboraram, direta ou indiretamente, nas sessões de torturas físicas e psicológicas promovidas contra o casal L.Z.A. e J.O.A. e contra W.M.M.B.
Fernandes e Sanches foram denunciados porque não teriam feito nada para impedir as torturas.
Os "maus-tratos e as prisões arbitrárias" que teriam sido lideradas por Olim, segundo o Ministério Público, apontam que ele "agiu fora da lei com o intuito de obter uma confissão de participação" das três pessoas no seqüestro do empresário, que havia sido libertado do cativeiro no dia anterior -23 de abril de 2003.
A equipe do delegado chegou, no dia 24, à casa de J. e L. porque o empresário a indicara como sendo o local do cativeiro.
Foi lá, na frente dos filhos do casal, que Olim e seus subordinados, principalmente o investigador Marcos de Franco, ainda segundo a Promotoria, agrediu-os seguidas vezes, desferindo, além de tapas, socos e golpes com canos das armas que portavam. Teria havido, ainda, xingamento e ameaça de que os filhos do casal iriam "parar na Febem".
Por causa da suposta tortura cometida contra o casal, uma vizinha deles, grávida de três meses, C.G.S., teria perdido a criança. Para o Ministério Público, o aborto ocorreu porque ela foi ameaçada e xingada pelos policiais quando tentava descobrir o que acontecia.
Mesmo sem ter mandado de prisão ou de busca contra o casal e contra W. -que foi preso nas ruas do Jardim Planalto e não conhecia o casal-, Olim, dizem os promotores, manteve-os presos em celas da sede da DAS, na avenida Higienópolis (centro), entre as 14h e as 23h, quando todos foram liberados por falta de provas.
J., L. e W. disseram ao Ministério Público que, na DAS, além de apanharem de outros policiais -que não conseguiram reconhecer-, foram submetidos a torturas com gás pimenta.

Exposição
Outro item destacado na denúncia da Promotoria contra o delegado Olim é o de que ele "expôs ao vexame" público as três vítimas de seus supostos abusos.
Olim e seus homens teriam permitido que J., L. e W. fossem filmados, inclusive ao vivo, por programas policiais de redes de TV.
Segundo o Ministério Público, em alguns momentos da reportagem sobre o caso, "o delegado assume o papel de jornalista".
O delegado teria chegado a afirmar aos programas de televisão que se tratava de "um casal de seqüestradores que alugava cativeiros", informa a Promotoria.


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