São Paulo, domingo, 20 de fevereiro de 2000


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MEDICAMENTOS
Vigilância diz que oferta depende de laboratórios; estes, por sua vez, afirmam que o processo é lento
Benefício de genérico pode demorar 2 anos

AURELIANO BIANCARELLI
PRISCILA LAMBERT
da Reportagem Local

A festejada introdução dos remédios genéricos no país pode demorar até dois anos para chegar ao bolso do cidadão. Não que esteja ocorrendo um boicote geral à legislação, mas é que o processo é bem mais lento do que as autoridades insistem em dizer que é.
Entre os dez medicamentos registrados como genéricos até agora, só seis deixaram os laboratórios. Dos quatro anunciados na sexta-feira pelo ministro José Serra, três são de uso hospitalar.
A velocidade do processo de aprovação dos genéricos, segundo Gonzalo Vecina Neto, diretor da Agência Nacional de Vigilância Sanitária, depende do interesse dos laboratórios. "Se quiserem, podemos ter todos os genéricos essenciais ainda este ano."
Os laboratórios enxergam de outra forma. Eduardo Gonçalves, diretor-presidente do laboratório Greenpharma, diz que a "agência de vigilância está encontrando dificuldades para analisar tantos dossiês ao mesmo tempo". O Greenpharma afirma ter dez pedidos na fila de pré-submissão do ministério, mas três necessitam de teste de biodisponibilidade que pode consumir de quatro a seis meses. O trâmite na Vigilância pode levar outros quatro.
Enquanto os genéricos não chegam às prateleiras das farmácias, o consumidor tem uma outra opção que pode representar um expressivo alívio em seu bolso: exigir que seu médico prescreva remédios similares em que confia. Entre remédios de marca e similares, os preços variam, em média, 40%. Mas a diferença pode até superar os 500% em alguns casos (veja lista em encarte especial).
"É preciso haver uma mudança de cultura para que os médicos receitem similares. Parte desse processo depende dos pacientes, que devem cobrar isso do profissional", diz José Erivalder Guimarães, presidente do Sindicato dos Médicos de São Paulo.
O consumidor só poderá comprar um medicamento similar se o médico indicar o nome de marca na receita.
O problema é que há muitos similares disponíveis no mercado que não trazem um nome de marca na embalagem, mas apenas o nome do princípio ativo. Exemplo: para a Aspirina (marca do ácido acetilsalicílico da Bayer), há similares como o Ácido Acetilsalicílico da Teuto e o Ácido Acetilsalicílio da Neo Química.
Nesse caso, para que o consumidor possa comprar um similar, o médico deve escrever, na receita, o nome do princípio ativo (ácido acetilsalicílico) e do laboratório fabricante do similar (Teuto ou Neo Química).
Fique atento: se o médico receitar apenas o medicamento de marca, peça a ele outras opções mais baratas e que possam substituí-lo de forma segura. Na dúvida, leve à consulta uma lista de preços dos medicamentos de marca e seus similares e faça uma pesquisa, junto com o seu médico, para saber quais são os remédios mais baratos que podem substituir aquele de marca.


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