São Paulo, domingo, 20 de fevereiro de 2000


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Manipular receita é alternativa para baixar custo

da Reportagem Local

Remédios preparados em farmácias de manipulação podem custar até a metade do preço dos medicamentos vendidos prontos nas drogarias. O recurso às farmácias magistrais -como são chamadas- vêm ganhando novos adeptos diante do aumento do preço dos remédios.
Em Americana, na região de Campinas, o geriatra e gastroenterologista Getúlio Thuler vem prescrevendo receitas para ser manipuladas como forma de reduzir os gastos de seus pacientes. "O preço chega a cair até 50%, mesmo com relação aos similares mais baratos", afirma.
Ele cita o exemplo do omeprazol, para úlcera, que tem mais de dez similares com ou sem marca no mercado. A compra do sal omeprazol em farmácia de manipulação chega a custar a metade do preço do similar mais barato.
Thuler também usa o recurso às fórmulas para associar medicamentos, diminuindo o preço e o número de ingestões. "Pessoas idosas costumam ter várias doenças e necessitam de vários medicamentos. A manipulação reduz o preço e facilita a adesão."
O médico diz que só recorre aos similares produzidos por laboratórios nos quais confia. E só encaminha receitas para manipulação a farmácias que conhece. "Hoje o médico tem que decidir de acordo com a situação do paciente. Se receitar um remédio que o doente não pode comprar, ele acabará não tomando."
Segundo Marco Antonio Perino, presidente da Anfarmag (Associação Nacional de Farmacêuticos Magistrais), o remédio manipulado é às vezes mais caro, mas acaba resultando em economia porque o paciente usa a dose exata, "em vez de comprar duas caixas de antibiótico para usar apenas uma e meia".
A associação pretende levar ao Ministério da Saúde a sugestão de permitir o fornecimento de remédios fracionados, a granel, às farmácias, como ocorre nos EUA.
Há uma regulamentação de medicamentos manipulados em fase de consulta pública na Agência Nacional de Vigilância Sanitária.
Por enquanto, a lei exige que, para que uma farmácia aceite um pedido, o médico deve escrever na receita o princípio ativo, sua concentração e a dose necessária.
Mas muitos médicos ainda não estão preparados para isso nem imaginam que haja essa possibilidade. "Muitos não sabem como prescrever porque a manipulação é ainda restrita a algumas especialidades, como dermatologia e endocrinologia", afirma José Erivalder Guimarães, presidente do Sindicato dos Médicos de São Paulo. (AB e PL)

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