São Paulo, domingo, 20 de fevereiro de 2000


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EDUCAÇÃO
Parcela negra entre os estudantes de 3º grau subiu 70% em 6 anos, mas desigualdade continua
Cresce presença de negros na faculdade

ANTÔNIO GOIS
da Reportagem Local

O número de negros brasileiros que conseguiram chegar à universidade aumentou quase 70% de 92 para 98. A conclusão é da pesquisadora da UFF Moema Teixeira, que realizou um estudo com base em dados da Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio) do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
Segundo a pesquisa, em 92, 77.607 negros disseram ter frequentado curso superior. Em 98, o número chegou a 131.763.
Os dados, apesar de mostrarem uma melhoria na escolarização dos negros, mostram que o abismo entre eles e os brancos ainda é muito grande. Segundo a Pnad de 98, os negros representam 5,6% da população. Entre os que já frequentaram a universidade, no entanto, eles não passam de 2%.
A dificuldade que estudantes pardos têm para chegar à universidade chama ainda mais a atenção. Embora representassem 41% da população em 98, eles respondem por apenas 12% do total de brasileiros que chegaram ao ensino superior no mesmo ano.
Os dados da Pnad nesse ponto não levam em conta brasileiros que ainda cursam o nível superior. Estão incluídos aí apenas os estudantes que, após serem aprovados no vestibular, abandonaram os estudos ou formaram-se.
"O abismo educacional entre negros ou pardos e brancos no Brasil ainda é muito grande e, para diminuir rapidamente, seria preciso que os brancos parassem de progredir até os negros e pardos os alcançarem", diz Moema.
A pesquisa que Moema fez sobre os negros que conseguiram entrar na UFF mostra que a maioria deles escolhe cursos de licenciatura ou de pedagogia. "O magistério é uma profissão atraente para um grande número de estudantes que, tradicionalmente, sempre foram excluídos da universidade", afirma Moema.
Os dados pesquisados na UFF entre 1992 e 1995 mostram que negros, pardos e mulatos representam menos de 12,5% dos alunos em medicina, 14% em odontologia, 19% em engenharia, 19% em psicologia. Já em cursos de pedagogia e licenciatura, a presença de negros, pardos e mulatos é de mais de 30%.
O perfil dos alunos aprovados na Fuvest mostra que essa realidade não é exclusiva da UFF. Mais de 75% dos alunos aprovados em medicina são brancos. Apenas um aluno (0,2% do total) é negro e 15 (3,1%) são pardos. No curso de letras, o número de negros é de 26 (3,1% do total).


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