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EDUCAÇÃO
Parcela negra entre os estudantes de 3º grau subiu 70% em 6 anos, mas desigualdade continua
Cresce presença de negros na faculdade
ANTÔNIO GOIS
da Reportagem Local
O número de negros brasileiros
que conseguiram chegar à universidade aumentou quase 70% de
92 para 98. A conclusão é da pesquisadora da UFF Moema Teixeira, que realizou um estudo com
base em dados da Pnad (Pesquisa
Nacional por Amostra de Domicílio) do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
Segundo a pesquisa, em 92,
77.607 negros disseram ter frequentado curso superior. Em 98,
o número chegou a 131.763.
Os dados, apesar de mostrarem
uma melhoria na escolarização
dos negros, mostram que o abismo entre eles e os brancos ainda é
muito grande. Segundo a Pnad de
98, os negros representam 5,6%
da população. Entre os que já frequentaram a universidade, no entanto, eles não passam de 2%.
A dificuldade que estudantes
pardos têm para chegar à universidade chama ainda mais a atenção. Embora representassem 41%
da população em 98, eles respondem por apenas 12% do total de
brasileiros que chegaram ao ensino superior no mesmo ano.
Os dados da Pnad nesse ponto
não levam em conta brasileiros
que ainda cursam o nível superior. Estão incluídos aí apenas os
estudantes que, após serem aprovados no vestibular, abandonaram os estudos ou formaram-se.
"O abismo educacional entre
negros ou pardos e brancos no
Brasil ainda é muito grande e, para diminuir rapidamente, seria
preciso que os brancos parassem
de progredir até os negros e pardos os alcançarem", diz Moema.
A pesquisa que Moema fez sobre os negros que conseguiram
entrar na UFF mostra que a maioria deles escolhe cursos de licenciatura ou de pedagogia. "O magistério é uma profissão atraente
para um grande número de estudantes que, tradicionalmente,
sempre foram excluídos da universidade", afirma Moema.
Os dados pesquisados na UFF
entre 1992 e 1995 mostram que
negros, pardos e mulatos representam menos de 12,5% dos alunos em medicina, 14% em odontologia, 19% em engenharia, 19%
em psicologia. Já em cursos de pedagogia e licenciatura, a presença
de negros, pardos e mulatos é de
mais de 30%.
O perfil dos alunos aprovados
na Fuvest mostra que essa realidade não é exclusiva da UFF. Mais
de 75% dos alunos aprovados em
medicina são brancos. Apenas
um aluno (0,2% do total) é negro
e 15 (3,1%) são pardos. No curso
de letras, o número de negros é de
26 (3,1% do total).
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