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Paradeiro de Marcos Herbas Camacho é desconhecido há cinco dias e foi motivo de motim; governo alega que está preservando preso
Sumiço de líder agita cadeias, diz advogado
DA REPORTAGEM LOCAL
O sumiço do preso Marcos Herbas Camacho, o Marcola, dentro
do sistema prisional está agitando
as cadeias paulistas e pode ser
motivo de novos focos de conflito.
É essa a opinião de advogados do
PCC que estiveram ontem em algumas das unidades do Estado.
Anteontem, quando a megarrebelião fez um ano e uma série de
mortes e agitações ocorreram, o
pedido de notícias de Marcola encabeçava a lista de reivindicações.
"Ele é muito querido, e os presos temem pelo que pode ocorrer.
A falta de notícias está agitando as
cadeias e passa a ser difícil prever
as reações", disse o advogado Anselmo Maia, que defende líderes e
cerca de 200 membros do PCC.
Para Maia, pré-candidato do
PMN a deputado federal com
apoio do PCC e de familiares de
detentos, o sumiço de Marcola é
mais um ingrediente no explosivo
coquetel que mistura "uma política de maus-tratos e injustiças
acentuada devido à histeria da
classe média e da imprensa".
"Os presos que sabem o que é o
sistema e que sofrem as agressões
ficam imaginando o que pode estar acontecendo com ele, já que
nem eu sei onde ele está", continua Ana Maria Olivatto, advogada e mulher de Marcola.
Marcola foi transferido de São
Paulo há um ano. Até o dia 8 passado, ficou no Presídio Federal da
Papuda (no Distrito Federal).
Nesse dia, seguiu para Aparecida
de Goiânia, onde ficou até sexta
passada. Desde então, os governos federal e estadual não informam onde ele está.
"Sumiram com ele exatamente
quando vencia o prazo máximo
de 365 dias de isolamento. Na
quinta [véspera do sumiço" ele estava até meio desnorteado de tanto ficar só", afirmou Ana.
Em São Paulo, o secretário da
Administração Penitenciária diz
que não é mais responsável pelo
preso. Em Brasília, o Ministério
da Justiça diz que ele está em trânsito e que precisa evitar ataques
que ponham o detento em risco
ou que possam resgatá-lo.
Por um porta-voz, os líderes do
PCC mandaram dizer ontem que
os ataques a bomba e as mortes
nos presídios só terminarão
quando todos os "generais do
partido" voltarem para São Paulo
e o governo informar para onde
foi transferido Marcola.
"Hoje, promotores do Distrito
Federal vão cobrar explicações do
Ministério da Justiça. Se elas não
vierem até as 17h, vou aos direitos
humanos", acrescentou Ana.
A Folha apurou que a intenção
do governo federal é devolver os
presos a seus Estados de origem.
São cerca de 20 nessa situação. Os
de São Paulo deverão retornar ao
Estado em meados de março,
com a conclusão de três presídios.
Ontem, as secretarias da Administração Penitenciária e da Segurança Pública mantiveram em estado de alerta máximo as equipes
de segurança dos presídios.
Em algumas unidades, como o
Cadeião de Pinheiros, onde dois
presos morreram anteontem, a
visita foi permitida apenas para
mulheres -crianças e demais familiares foram barrados.
No final da tarde, funcionários
dos presídios se reuniram com o
secretário da Administração Penitenciária, Nagashi Furukawa,
para pedir mais seguranças nas
unidades: volta da sinalização como área de segurança, instalação
de máquinas de raios X e contratação de 8.000 novos agentes.
(SÍLVIA CORRÊA e XICO SÁ)
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