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Prática é homicídio, afirma OAB
DA REPORTAGEM LOCAL
Presidente da comissão de
bioética, biotecnologia e biodiversidade da seccional São Paulo da
OAB (Ordem dos Advogados do
Brasil), Erickson Gavazza Marques diz que os avanços da medicina colocam em xeque os argumentos a favor da eutanásia.
"A eutanásia ainda é considerada homicídio. É muito perigoso
mudar práticas sem a providência
do legislador", afirmou. "A boa
morte pode não ser tão boa assim.
A quem compete dizer "nada mais
pode ser feito'? As pesquisas com
células-tronco avançam à velocidade de Fórmula 1, por exemplo."
"O que é direito não é só o que
está na lei", diz Sérgio Mazina, vice-presidente do IBCCrim (Instituto Brasileiro de Ciências Criminais). Sua assessoria destacou que
essa é sua opinião pessoal, não a
do instituto. "Há situações em
que o código considera criminosas e a sociedade trata de descriminalizar", continuou.
Raramente o assunto chega aos
tribunais. Atualmente, a OAB em
São Paulo acompanha apenas um
caso, sobre o qual não dá detalhes.
Trata-se de um desentendimento
familiar -parte queria o desligamento de aparelhos que mantinham o paciente vivo, o médico
atendeu e é acusado de homicídio
por um dos familiares, que não
aprovou o ato.
O ex-presidente da comissão
Renato Magri diz que a tendência
do Judiciário brasileiro é considerar casos de eutanásia como auxílio ao suicídio, por exemplo, que
tem punição mais branda.
A Folha encontrou no interior
de São Paulo um ex-acusado de
auxiliar o suicídio de um doente,
caso anotado na jurisprudência
brasileira. O neto foi acusado de
ajudar o avô, hospitalizado, a se
matar com um tiro. Absolvido, o
hoje empresário, que prefere não
se identificar, diz que o avô não
era um doente grave. "Não sabemos por que ele se matou."
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