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SAÚDE
Estados e cidades não curam casos de tuberculose e deixam de ganhar bônus oferecidos por ministério
Governos perdem repasse de R$ 4 mi
DANIELA FALCÃO
da Sucursal de Brasília
Governos estaduais e municipais deixaram de ganhar no ano
passado pelo menos R$ 3,9 milhões oferecidos pelo Ministério
da Saúde em forma de bônus para
quem conseguisse curar casos de
tuberculose.
Em janeiro de 99, o governo
passou a pagar R$ 100 para cada
caso de tuberculose extrapulmonar curado e R$ 150 para os pulmonares -mais graves, porque o
paciente é também transmissor
da doença e contamina de 10 a 15
pessoas por ano.
A cada ano, o Ministério da Saúde estima que 129 mil pessoas são
infectadas por tuberculose no
país. Apesar do estímulo do bônus, a maioria dos municípios
não estruturou serviços de detecção e acompanhamento de doentes e, por isso, não conseguiu
comprovar os casos de cura.
Rondônia, Acre, Amapá e Rio
Grande do Norte não conseguiram provar cura alguma e perderam o direito aos bônus.
Levantamento do Ministério da
Saúde mostra que esses quatro
Estados deixaram de receber R$
93 mil -valor equivalente aos casos que poderiam ter curado se tivessem implantado plano de
combate à tuberculose.
O mesmo levantamento, feito a
partir dos casos estimados de tuberculose em cada unidade da federação, mostra que Rio de Janeiro e Minas Gerais deixaram de
embolsar mais dinheiro.
Se o sistema de combate à tuberculose em Minas tivesse sido
estruturado em janeiro, quando o
plano foi colocado em ação, o Estado teria recebido R$ 260 mil de
bônus. Mas recebeu R$ 48,5 mil.
No Rio, o desperdício foi maior.
Os municípios fluminenses teriam direito a R$ 712,1 mil, mas
receberam apenas R$ 42,1 mil.
Embora 13.219 tenham contraído tuberculose no Rio em 99, as
secretarias municipais e de Estado da Saúde só reivindicaram bônus para 400 casos curados.
O coordenador do Plano Nacional de Combate à Tuberculose do
Ministério da Saúde, Antonio
Ruffino Netto, afirma que houve
grande avanço no combate à
doença no país, mas Estados e
municípios têm de ser mais
"agressivos" no trabalho de identificar e tratar as vítimas.
Anastácio Souza, presidente do
Conas (Conselho dos Secretários
Estaduais da Saúde) e secretário
do Ceará, admite que Estados e
municípios poderiam se dedicar
mais ao combate à doença. "A tuberculose é uma doença fácil de
diagnosticar e tratar, mas falta um
engajamento maior de todos."
O presidente do Conselho Nacional dos Secretários Municipais
de Saúde, Gilberto Natalini (Diadema), considera "natural" que
alguns Estados tenham sido mais
agressivos no combate à doença.
"Não dá para uniformizar tudo."
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