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SAÚDE / NEUROLOGIA
Estudo da Unifesp constata sobrecarga de parentes responsáveis pelos cuidados de doente
Estresse familiar leva idoso com Alzheimer à internação
FERNANDA BASSETTE
DA REPORTAGEM LOCAL
O estresse e a sobrecarga familiar -e não o avanço da doença- são os principais motivos
que levam à internação de pacientes com mal de Alzheimer, aponta
estudo feito pelo Departamento
de Enfermagem da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo).
Ao todo, foram avaliadas 324
pessoas -162 pacientes com mal
de Alzheimer e 162 familiares cuidadores. O objetivo, segundo a
enfermeira Ceres Eloah de Lucena Ferreti, especialista em demência, era entender as razões que levavam as famílias a colocar os
idosos em asilos.
"Os familiares suportam mal os
distúrbios que o paciente apresenta e buscam colocá-los em asilos, onde, em tese, existem pessoas preparadas para prestar esse
atendimento", diz a enfermeira.
Ceres acompanhou o dia-a-dia
dos pacientes e aplicou um protocolo de enfermagem (questionário específico) como instrumento
de avaliação para eles e seus familiares responsáveis. "Tudo era
questionado. Se o idoso incomodava a família, quais eram as razões e motivos para internação,
como a família tratava a doença."
A enfermeira também usou um
inventário neuropsiquiátrico para avaliar a alteração de comportamento do paciente. O inventário, explica Ceres, é quantitativo e
trabalha com uma pontuação.
"Quanto mais pontos forem acumulados, mais estressado o cuidador está", disse.
Em todos os casos de pacientes
internados (67), o estresse foi o fator determinante. Um ano e meio
depois, após o encaminhamento
dos familiares para programas de
suporte e educação sobre a doença, Ceres concluiu que o nível de
estresse havia diminuído.
"Para controlar o estresse, é necessário que a família procure os
programas de acompanhamento
da doença. Lá, eles vão aprender
como cuidar do paciente e vão saber como lidar com as alterações
de comportamento", disse.
Outra alternativa, segundo a enfermeira, é o revezamento dos familiares durante o tratamento. "É
fundamental que haja diálogo entre a família para que as atividades
sejam divididas."
O Alzheimer é uma doença degenerativa que, aos poucos, vai
atrofiando o cérebro e provocando a morte gradual dos neurônios. Estima-se que afeta metade
dos idosos com mais de 80 anos.
Sem causa conhecida, a doença
não tem cura. Segundo o neurologista Cícero Galli Coimbra, professor da Unifesp, ainda não há
tratamentos capazes de impedir
ou frear definitivamente o desenvolvimento da doença.
"Os atuais tratamentos são meramente paliativos. O remédio
talvez retarde por um ou dois meses a manifestação da doença."
De acordo com Ceres, internar
o paciente é a alternativa encontrada para que as famílias não se
anulem. "O desgaste físico e emocional é muito grande."
Coimbra reforçou que, para o
paciente responder bem ao tratamento, é fundamental que ele esteja ao lado da família. "A parte
afetiva fica preservada. Se o paciente desenvolver uma depressão, ele vai acelerar a doença."
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