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DIÁRIO DE UM DETENTO
"Pobres
sofrem
injustiça"
MALU GASPAR
da Reportagem Local
Eles estão presos junto com
outros 22 homens numa cela
do 3º DP (Distrito Policial), em
São Paulo. A cela foi apelidada
de "seguro" pelos policiais da
delegacia. É onde, segundo
eles, estão os menos perigosos.
José Zeferino dos Santos Júnior, 20, está preso há três meses, acusado de receptação e de
formação de quadrilha. É sua
primeira prisão.
Leomir Vicente da Silva, 25,
está preso pela segunda vez,
pela segunda vez acusado de
roubo. Da primeira, aos 21
anos, também ficou preso por
roubo por oito meses.
Os dois são exemplos do perfil médio do preso brasileiro.
Moram na periferia de grandes
cidades -um em São Paulo e
outro em Belo Horizonte. São
brancos, como 48% da população carcerária brasileira. Ambos têm baixa escolaridade.
Não cansam de repetir que são
inocentes.
Para eles, o motivo de tantos
jovens nessa idade estarem
presos é o preconceito e a incompetência da polícia. "Eles
são injustos e preconceituosos
com o pobre", diz Santos.
Assim como Silva, ele espera
julgamento e tem certeza de
que será absolvido.
Preso em dezembro passado,
Santos trabalhava como camelô e morava em Santo Amaro
(zona sul de São Paulo). Não
terminou o primeiro colegial.
O companheiro de cela Leomir foi preso há seis dias. Diz
que veio de Belo Horizonte para São Paulo em férias e que foi
preso como "laranja", numa
"armação". Mas admite que da
primeira vez era culpado.
"Era bem mais novo e não estava com a cabeça no lugar.
Acho que muitos jovens cometem crimes porque são rebeldes ou não têm dinheiro."
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