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São Paulo, domingo, 20 de abril de 2003

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VIOLÊNCIA

Com pistolas, grupo manteve três funcionários reféns e conseguiu fugir

Traficantes invadem refinaria no Rio

DA SUCURSAL DO RIO

Armados com pistolas e com o rosto encoberto por camisas, cerca de 35 traficantes invadiram a Refinaria de Manguinhos, na zona norte do Rio, anteontem à noite e fizeram três vigilantes reféns. Por duas horas, o grupo ocupou o prédio da administração da refinaria e fugiu com a chegada da polícia. Ninguém foi preso.
O secretário de Segurança do Rio, Josias Quintal, tentou minimizar a invasão e dissociá-la das ações frequentes de narcotraficantes no Rio. Em entrevista por telefone para o RJ TV, da TV Globo, ele disse que "é certo que não foi nenhuma ação orquestrada" e que "não tem relação com nenhum outro fato". Segundo ele, os invasores formavam "um grupo de jovens que pulou o muro e nem todos estavam armados".
De acordo com o vigilante Alcides Oliveira Tavares, que estava na guarita dos fundos da refinaria, os criminosos vindos da favela Parque do Arará (vizinha à refinaria) pularam o muro da empresa às 20h30 de anteontem.
Segundo Tavares, um deles disse "Perdeu, perdeu. É nós. É nós. Fica quieto senão vai morrer". O vigilante e outros dois colegas, Mauro de Oliveira Magessi e José Luis de Lima, foram presos na sala de operações da refinaria.
Tavares disse que os três deixaram a sala quando notaram a presença da polícia. Ele não sabia informar quem acionou os policiais. Disse ainda que os traficantes levaram aparelhos de ar-condicionado e radiotransmissores.
Para Quintal, o ataque dos traficantes seria uma retaliação a uma operação policial que, na última semana, encontrou dois fuzis do bando, escondidos no terreno da refinaria. Ele disse, no entanto, não haver qualquer depoimento que comprove a suposição.
Segundo a polícia, a favela Parque do Arará, comandada pelo CV (Comando Vermelho), não tem líder. "Ali é um monte de garoto doidão que entra o tempo todo na refinaria. Eles usam o terreno para se esconder durante ações policiais na favela, para guardar armas", disse a chefe do Cinpol (Coordenação de Inteligência da Polícia), Marina Magessi.
O comandante do Bope (Batalhão de Operações Especiais), tenente-coronel Fernando Príncipe, também minimizou a invasão da refinaria. "Não houve reféns. Apenas alguns vigilantes foram rendidos durante um roubo."
Ele negou que a PM (Polícia Militar) tenha falhado ao deixar os bandidos fugirem. "A refinaria tem uma extensão muito grande e não teríamos efetivo para cercar toda a área." Segundo ele, os assaltantes entraram e fugiram pela favela Parque Arará por um matagal perto de uma linha do trem.
Ninguém da diretoria da refinaria, uma das duas únicas unidades privadas do país, foi encontrado.

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