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Professor ferido em protesto já foi policial militar
DA REPORTAGEM LOCAL
Ronaldo Ferreira dos Santos,
37, perdeu o dedo indicador direito no confronto entre servidores
do Estado e a PM anteontem na
avenida Paulista. Ele ensina língua portuguesa e inglês há quatro
anos em Guarulhos, mas já esteve
do outro lado. Por três anos e
meio, atuou no 2º Batalhão da
Tropa de Choque em São Paulo.
Santos conta que deixou o trabalho policial por causa "da
agressividade e do autoritarismo". "Fui estudar: fiz o colegial, a
faculdade e comecei a ensinar. É
melhor ser professor, eu adoro e o
salário é maior", afirma.
O professor disse que, quando
era policial, nunca precisou repreender manifestações. "Sempre
me falaram para eu sair da polícia,
porque era muito educado."
Para ele, a atitude da PM no protesto foi "péssima", mas se justifica porque os policiais são "doutrinados e têm que fazer o trabalho,
porque o comando vem de cima".
Santos culpa a PM pelo início do
confronto, que teve um saldo de
38 feridos, segundo a Secretaria
da Segurança Pública. Ele não
acha que os servidores exageraram, mas que reagiram ao ataque.
Segundo ele, eram muitos manifestantes e não foi possível permanecer apenas numa pista da
avenida Paulista. "Deviam ter
permitido que ocupássemos a outra pista", reclama.
Santos conta que foi atingido na
mão direita por uma bomba de
efeito moral, ao tentar desviá-la
do rosto. Depois de se submeter a
uma cirurgia e perder o dedo indicador, o professor disse que não
sabia como conseguiria trabalhar.
"Nós temos advogados da
Apeoesp e quero saber como vou
dar aula com a mão estourada assim", disse Santos, que está internado no Hospital do Servidor Público Estadual.
O professor de Guarulhos não
foi o único que ficou com sequelas
sérias do embate com policiais. O
fotógrafo do jornal "Agora São
Paulo" Alex Silveira sofreu traumatismo na região temporal e teve comprometimento no olho esquerdo ao ser atingido por uma
bala de borracha.
O boletim médico divulgado
pelo Hospital das Clínicas diz que
o fotógrafo deverá ser submetido
a uma cirurgia na segunda-feira,
porque foi diagnosticada a existência de alterações na retina do
olho esquerdo de Silveira. Até a
noite de ontem, ele contava apenas com 15% da visão.
Segundo a PM, o fotógrafo foi
atingido por estilhaços de bomba.
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