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Manifestante da Paulista volta a enfrentar PMs
DA REPORTAGEM LOCAL
O panorama do Jardim São
Carlos era de uma guerrilha urbana, com barricadas e muitos focos
de resistência, no qual a polícia
respondia com bombas de gás e
balas de borracha às pedras, às
bombas caseiras e aos rojões jogados por garotos.
Nesse cenário, alguns personagens se reconheceram de uma outra batalha, travada anteontem, a
43 km dali, na avenida Paulista. E
discutiram sobre justiça.
O comandante da operação, tenente-coronel Reinaldo Pinheiro,
que ordenou a batalha na Paulista, chegou ao bairro às 6h de ontem para cumprir a ordem de retirada das famílias.
Às 14h15 ele autorizou a invasão. Os moradores tinham deitado no chão, formando um cordão
de isolamento. Cento e trinta soldados avançaram, atirando bombas de gás lacrimogêneo. Pelo menos 500 crianças estavam no local.
Uma das mulheres que compunha o cordão de isolamento, desde as 5h, era a atendente de enfermagem do Hospital São Mateus
Maria Rosalina Costa, 37, que está
em greve e foi protestar anteontem na avenida Paulista, onde viu
duas colegas feridas.
Ontem ela levou os dois filhos
adolescentes para a batalha, no
próprio bairro onde mora. "Não
estou despejada, mas meus vizinhos sim. E meus filhos precisam
aprender sobre solidariedade e
democracia", afirmou Rosalina.
"Eu não posso fazer nada, só obedeço à ordem da Justiça e ela é cega", disse o comandante à reportagem. "Meus filhos, nós voltamos para a década de 70, para o
regime militar. Esses policiais estão protegendo um grileiro e isso
não é justiça", afirmou a mulher.
Rosalina e o comandante disseram acreditar que têm um encontro marcado no dia 25, diante do
Palácio dos Bandeirantes. Nesse
dia, haverá novo protesto.
(SA)
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