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São Paulo, terça-feira, 20 de maio de 2003

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TRANSPORTE

Edivaldo Santiago, presidente do sindicato dos motoristas, diz ser inocente de todas as acusações feitas pela polícia

Sindicalista vê jogada política da prefeitura

DA REPORTAGEM LOCAL

O presidente do sindicato dos motoristas, Edivaldo Santiago da Silva, afirmou ontem ser inocente de todas as acusações feitas pela polícia contra ele. Santiago afirmou que está sendo vítima de uma "jogada política organizada pela Prefeitura de São Paulo".
"Não devemos nada para a Justiça, nunca devemos nada para ninguém e eu vou provar isso para todos vocês", disse ele ao ser apresentado à imprensa pelo delegado Nivaldo Bernardi, da PF. A prisão de Santiago dentro de casa foi acompanhada pela TV Globo.
Santiago afirmou respeitar a decisão da Justiça, mas disse não concordar com ela. "A polícia tem toda a documentação do sindicato, nunca escondemos nada, não há motivos para nos acusarem."
Na semana passada, a prefeitura divulgou que a categoria já havia feito 178 greves totais ou parciais na gestão Marta Suplicy (PT) -média de uma a cada cinco dias. Os prejuízos seriam estimados em R$ 100 milhões. Além disso, acusou os sindicalistas de já terem destruído 928 ônibus.
O advogado do sindicato Arnaldo Dantas afirmou que iria entrar com uma ação conjunta pedindo a revogação da prisão temporária. Para ele, a prisão dos sindicalistas é um "ato político, com fins bem definidos". O advogado defende que não é coincidência a prisão ter sido efetuada no dia em que a prefeitura inaugurou parte do novo sistema de transporte público, com cancelamento de linhas -fato que levou a reclamações de usuários e desgaste de Marta.
O secretário de assuntos jurídicos do sindicato, Geraldo Diniz, conversou com a Folha minutos antes de se entregar à Polícia Federal, no começo da tarde. "Eu estava na garagem e a minha mulher me ligou para dizer que a polícia estava em casa. Vou me entregar porque não sou bandido, não tenho por que me esconder."
Para Antonio Rosella, que também é advogado do sindicato dos condutores, a prisão dos sindicalistas foi uma "violência brutal". "Todas as greves feitas foram julgadas no TRT (Tribunal Regional do Trabalho), e os trabalhadores tiveram suas reivindicações reconhecidas. Não há nenhum fato concreto para a prisão."
Sobre os dois funcionários da viação Campo Belo que trabalhavam como seguranças de Santiago -e que foram detidos pela PF por porte ilegal de arma-, Rosella negou haver ilegalidades. "A lei permite que os trabalhadores sejam afastados para trabalhar no sindicato", afirmou. O vereador Alcides Amazonas (PC do B), ex-diretor do sindicato, diz que só diretores podem ter esse benefício. "Do contrário, é irregular."
O Transurb (sindicato que representa as viações de ônibus em São Paulo) informou ontem que não se manifestaria.
Paulo Ruas, representante do grupo Ruas, que é líder do transporte coletivo na capital paulista, negou participar de esquema de pagamento a sindicalistas.
"A gente nunca teve esse tipo de prática. Pode até ser que existam [casos de corrupção e pagamento de propina por empresários], mas não dentro das nossas empresas e que eu tenha conhecimento", afirmou Paulo Ruas.
Ele disse ainda "nunca" ter usado "esse tipo de método" porque "não é vantagem nenhuma". Esse argumento é constantemente utilizado pelo Transurb para rebater as acusações de que eles teriam interesse na realização de greves para pressionar a prefeitura a conceder vantagens. Os patrões alegam que, a cada dia de greve, acumulam um prejuízo acima de R$ 5 milhões.


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