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TRANSPORTE
Edivaldo Santiago, presidente do sindicato dos motoristas, diz ser inocente de todas as acusações feitas pela polícia
Sindicalista vê jogada política da prefeitura
DA REPORTAGEM LOCAL
O presidente do sindicato dos
motoristas, Edivaldo Santiago da
Silva, afirmou ontem ser inocente
de todas as acusações feitas pela
polícia contra ele. Santiago afirmou que está sendo vítima de
uma "jogada política organizada
pela Prefeitura de São Paulo".
"Não devemos nada para a Justiça, nunca devemos nada para
ninguém e eu vou provar isso para todos vocês", disse ele ao ser
apresentado à imprensa pelo delegado Nivaldo Bernardi, da PF. A
prisão de Santiago dentro de casa
foi acompanhada pela TV Globo.
Santiago afirmou respeitar a decisão da Justiça, mas disse não
concordar com ela. "A polícia tem
toda a documentação do sindicato, nunca escondemos nada, não
há motivos para nos acusarem."
Na semana passada, a prefeitura
divulgou que a categoria já havia
feito 178 greves totais ou parciais
na gestão Marta Suplicy (PT)
-média de uma a cada cinco
dias. Os prejuízos seriam estimados em R$ 100 milhões. Além disso, acusou os sindicalistas de já terem destruído 928 ônibus.
O advogado do sindicato Arnaldo Dantas afirmou que iria entrar
com uma ação conjunta pedindo
a revogação da prisão temporária.
Para ele, a prisão dos sindicalistas
é um "ato político, com fins bem
definidos". O advogado defende
que não é coincidência a prisão
ter sido efetuada no dia em que a
prefeitura inaugurou parte do novo sistema de transporte público,
com cancelamento de linhas
-fato que levou a reclamações de
usuários e desgaste de Marta.
O secretário de assuntos jurídicos do sindicato, Geraldo Diniz,
conversou com a Folha minutos
antes de se entregar à Polícia Federal, no começo da tarde. "Eu estava na garagem e a minha mulher me ligou para dizer que a polícia estava em casa. Vou me entregar porque não sou bandido,
não tenho por que me esconder."
Para Antonio Rosella, que também é advogado do sindicato dos
condutores, a prisão dos sindicalistas foi uma "violência brutal".
"Todas as greves feitas foram julgadas no TRT (Tribunal Regional
do Trabalho), e os trabalhadores
tiveram suas reivindicações reconhecidas. Não há nenhum fato
concreto para a prisão."
Sobre os dois funcionários da
viação Campo Belo que trabalhavam como seguranças de Santiago -e que foram detidos pela PF
por porte ilegal de arma-, Rosella negou haver ilegalidades. "A lei
permite que os trabalhadores sejam afastados para trabalhar no
sindicato", afirmou. O vereador
Alcides Amazonas (PC do B), ex-diretor do sindicato, diz que só diretores podem ter esse benefício.
"Do contrário, é irregular."
O Transurb (sindicato que representa as viações de ônibus em
São Paulo) informou ontem que
não se manifestaria.
Paulo Ruas, representante do
grupo Ruas, que é líder do transporte coletivo na capital paulista,
negou participar de esquema de
pagamento a sindicalistas.
"A gente nunca teve esse tipo de
prática. Pode até ser que existam
[casos de corrupção e pagamento
de propina por empresários], mas
não dentro das nossas empresas e
que eu tenha conhecimento",
afirmou Paulo Ruas.
Ele disse ainda "nunca" ter usado "esse tipo de método" porque
"não é vantagem nenhuma". Esse
argumento é constantemente utilizado pelo Transurb para rebater
as acusações de que eles teriam interesse na realização de greves para pressionar a prefeitura a conceder vantagens. Os patrões alegam
que, a cada dia de greve, acumulam um prejuízo acima de R$ 5
milhões.
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