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Polícia Federal acusa donos de viações de orquestrar greves; funcionários da SPTrans também serão investigados
Delegado diz ter provas contra empresários
DA REPORTAGEM LOCAL
A força-tarefa responsável pela
prisão de sindicalistas ontem elegeu os empresários de ônibus de
São Paulo como os próximos alvos das investigações. A Polícia
Federal disse já ter até uma lista
dos donos de viações suspeitos de
participar de um esquema de pagamento de propina para a realização de paralisações no setor.
Eles também podem ter a prisão
temporária decretada.
"Já temos provas suficientes do
envolvimento dos empresários,
provas testemunhais", afirmou
Nivaldo Bernardi, delegado da
Polícia Federal. "Já podemos afirmar que os empresários orquestraram as greves", disse. Segundo
ele, alguns empresários foram citados pelos sindicalistas presos.
"Os empresários estão num jogo de interesses com os sindicalistas", afirmou José Carlos Blat,
promotor do Gaeco (Grupo de
Atuação Especial de Repressão ao
Crime Organizado).
Ontem, durante a prisão de Edivaldo Santiago, presidente do sindicato dos condutores, também
foram presos dois homens que faziam a segurança dele, mas que
são funcionários da viação Campo Belo. São eles: Carlos Salvador
da Silva e Aparecido Roberto Mazetti, que foram enquadrados por
porte ilegal de armas.
A Campo Belo pertence à família Ruas, líder do transporte paulistano e dona de 30% da frota de
ônibus de São Paulo.
Paulo Ruas, filho de José Ruas
Vaz e representante do grupo,
disse à Folha não saber que esses
funcionários pagos pela Campo
Belo atuavam como seguranças
de Santiago. Segundo ele, os sindicalistas pedem licenças médicas
ou são afastados para exercer funções no sindicato, conforme previsto na convenção coletiva da categoria. "Às vezes eles pedem licença médica, pedem afastamento, trazem atestados", disse Ruas.
"Por vezes eles pedem o afastamento de alguns motoristas para
fazer um trabalho pelo sindicato,
que eles têm direito por uma cláusula da convenção trabalhista. (..)
Mas eu não imaginava que fosse
assim [que eles atuavam como seguranças de Santiago]. Foge do
nosso conhecimento e do nosso
controle", completou Paulo Ruas.
Poder público
A força-tarefa também deverá
aprofundar as investigações de
servidores públicos. Um dos principais objetivos é identificar no
que foi gasta a verba que a prefeitura injetou na viação Cidade Tiradentes, que estava sob intervenção e cujo atual dono, Samy Jaroviski, está preso sob a acusação de
estelionato e de integrar uma quadrilha especializada em desviar
dinheiro de empréstimos.
O total injetado nela, em seis
meses, atinge R$ 17 milhões, diz a
SPTrans. O destino do dinheiro é
investigado há três meses.
"Não há organização criminosa
que sobreviva sem a participação
de funcionários públicos. Estamos investigando a participação
de pequenos escalões da SPTrans
na concessão de dinheiro para as
intervenções", disse Blat. Sobre
possíveis locautes, Bernardi disse:
"São fatos gravíssimos. Na investigação verificou-se a existência
de inúmeros crimes e de uma relação criminosa de empresários,
sindicalistas e poder público".
O promotor Silvio Antonio
Marques disse que deu um prazo
até sexta para a SPTrans apresentar os extratos de onde foram gastos os recursos injetados na Cidade Tiradentes. A SPTrans informou que fornecerá todos os documentos pedidos.
(AI E SI)
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