São Paulo, quinta-feira, 20 de junho de 2002

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SEGURANÇA

Secretário e Benedita da Silva criticam ação do Ministério Público no presídio Bangu 1, chamando-a de abusiva

Governo do Rio quer se livrar de Beira-Mar

SABRINA PETRY
DA SUCURSAL DO RIO

O secretário da Segurança Pública do Rio, Roberto Aguiar, quer a transferência imediata de Luiz Fernando da Costa. "Quero Fernandinho Beira-Mar fora do Rio", afirmou.
A transferência, porém, depende de decisão judicial. O Superior Tribunal de Justiça ainda precisa apreciar um recurso da secretaria contra a decisão da Vara de Execuções Penais de Brasília de enviar Beira-Mar para o Rio.
Até abril, o traficante estava preso na Superintendência da Polícia Federal em Brasília. Condenado a 21 anos de prisão, ele solicitou, por meio de seus advogados, a transferência para o Rio, onde mora sua família. A Justiça acolheu o pedido.
Considerado um dos principais fornecedores de drogas para as favelas controladas pelo CV (Comando Vermelho), no Rio, Beira-Mar foi preso na Colômbia em abril do ano passado.

Críticas
O secretário Roberto Aguiar criticou a ação do Ministério Público Estadual no presídio Bangu 1 e classificou a atitude dos promotores de "histérica, truculenta e autoritária". "O Ministério Público saiu dos seus limites ao querer demitir pessoas e proibir a entrada do secretário de Justiça [Paulo Saboya" em Bangu 1, o que é inconstitucional."
O Ministério Público informou que não comentaria as críticas das autoridades estaduais.
A governadora Benedita da Silva (PT) voltou a criticar a atitude do Ministério Público, chamando-a de abusiva, e reclamou do fato de os promotores terem atuado em conjunto com a Polícia Federal, em vez de procurar a polícia do Estado. Ela disse que a investigação dentro de Bangu 1 já estava sendo feita pelas secretarias de Justiça e de Segurança, mas que foi "atropelada" pela Promotoria.
"Há 20 dias, pedimos à Justiça autorização para rastrearmos as ligações dentro do presídio, porque já tínhamos informações sobre esses telefonemas, mas ainda não havíamos obtido resposta."
Segundo o presidente da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) no Rio, Octavio Gomes, o Ministério Público cometeu abuso de autoridade ao impedir a entrada do secretário de Justiça no presídio. "Eles têm autonomia para agir sem comunicar suas investigações a mais ninguém, mas não podem impedir a entrada de um secretário, que tem foro especial."
Para o presidente do Tribunal de Justiça do Rio, Marcus Faver, "eles podem ter preparado a ação de forma a garantir o sigilo, mas erraram ao barrar o secretário."



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