UOL


São Paulo, domingo, 20 de julho de 2003

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

TRÂNSITO

Cidade é a capital do país que tem o maior número per capita de veículos

Família de Curitiba não vive sem seus carros

Albari Rosa/ Folha Imagem
A família Santos, de Curitiba, e seus veículos: apaixonados por carros, eles acompanham provas de velocidade em pistas de terra


DIMITRI DO VALLE
DA AGÊNCIA FOLHA, EM CURITIBA

Todos da família Santos têm histórias de cumplicidade com seus carros. O verdureiro Dirlei, 35, não larga sua camionete nas horas de trabalho nem nas de lazer. Vendeu um BMW 325 mas não conseguiu se desfazer da picape. "Sou apaixonado por ela."
O irmão dele, o autônomo Devanil, 29, comprou uma Kombi para reviver os surfistas dos anos 60 e 70 que usavam a perua para levar pranchas de surfe, esporte que também pratica. Devanil ainda tem um Palio e uma moto.
Motoristas assim rodam por Curitiba, a capital com o maior número per capita de carros do país. A frota da família inclui o Fiesta de outra irmã, o Palio da mulher, o Gol do pai deles, o Corsa da mulher dele e o minibugue do neto. "Gostamos de motores, vamos assistir provas de velocidade em pistas de terra", diz Dirlei.
A grande quantidade de veículos na capital também proporciona lucro ao Estado. Os cerca de 590 mil veículos de Curitiba inscritos no cadastro do IPVA (Imposto sobre Propriedade de Veículos Automotores) já geraram até junho R$ 135 milhões, segundo a Secretaria da Fazenda -36% do que é arrecadado no Estado.
Para Yára Eisenbach, presidente da Urbs (empresa municipal que gerencia o trânsito e o transporte na cidade), dois fatores levaram a essa situação: o poder aquisitivo e a proximidade com o pólo automotivo, instalado na região metropolitana há seis anos, o que facilita compras em condições especiais para os curitibanos.
Mas Eisenbach diz que o plano é convencer as pessoas a andarem de ônibus também. "A prefeitura quer continuar a incentivar investimentos no transporte coletivo."
Em oito anos, os advogados Ricardo, 27, e Eduardo Amaral, 25, trocaram de carro 20 vezes. Ricardo trocou carros maiores por modelos de mil cilindradas, como o Celta. "As despesas são menores."
Já Eduardo segue com uma Pajero, assim como o pai, o advogado aposentado Vicente, 61, que já teve outros dois veículos. "Vendi porque os edifícios de hoje são construídos com garagens menores, com uma vaga. Ou pagava estacionamento ou deixava na rua."
O índice de roubo de carros em Curitiba é alto: 28 por dia. Há três anos, a média diária chegava a 40.
Com tantos carros circulando nas ruas de Curitiba, os acidentes também cresceram. Em 2001, foram 5.300 ocorrências, com 6.800 feridos e 94 mortes no local.
Desde outubro, as três varas de delitos de trânsito da cidade oferecem acompanhamento psicológico para quem responder a processo por embriaguez ao volante.

Texto Anterior: "Automóvel é sucesso, poder"
Próximo Texto: Moto-táxi se destaca no país
Índice

UOL
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.