|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
DROGAS
Pesquisa revela aumento do consumo de tranquilizantes no decorrer do curso
25% dos alunos de medicina usaram maconha
da Reportagem Local
Pesquisa realizada em 1995 entre
alunos de nove escolas de medicina do Estado de São Paulo mostra
que 25% deles já experimentaram
maconha.
Ao todo, foram ouvidos 3.725 estudantes (72%), de um total de
5.225 matriculados. Além de maconha, 4,71% afirmaram já ter experimentado cocaína.
Cerca de 16% dos estudantes disseram ter fumado maconha durante o ano anterior à pesquisa.
Afirmaram ter usado cocaína no
último ano, 2,8% dos alunos.
A pesquisa foi coordenada pelo
Grea (Grupo de Estudos Sobre Alcoolismo e Drogas), ligado ao Instituto de Psiquiatria de Faculdade
de Medicina da USP (Universidade
de São Paulo).
Tranquilizantes
A pesquisa também demonstrou
o aumento do consumo de tranquilizantes no decorrer do curso.
Apenas 9% dos alunos de primeiro ano afirmaram ter experimentado tranquilizantes.
O consumo aumenta para 20%,
entre os alunos do sexto ano de
medicina.
De acordo com a médica Maria
Paula Magalhães, que coordenou a
pesquisa na Unifesp (Universidade Federal de São Paulo), o consumo de tranquilizantes aumenta
devido ao estresse do curso.
Por isso, é maior a partir do terceiro ano, quando o estudante começa a frequentar o hospital, e a
partir do quinto, quando tem regime de internato, com plantões.
Segundo Magalhães, o aumento
do consumo dessas substâncias é
maior entre as mulheres.
Já para as demais drogas e para o
álcool e tabaco, o consumo é
maior entre homens.
De acordo com Magalhães, também surpreendeu o elevado consumo de solventes, como benzina
e lança-perfume, entre os estudantes, maior que o de maconha.
Para a médica, esse consumo de
solventes está ligado a atividades
culturais, como viagens em jogos
universitários e festas.
A pesquisa também relaciona os
principais fatores de risco para o
aluno se tornar usuário de álcool,
cigarro e drogas.
Entre eles estão o fato de ser homem, morar sozinho, ter todo o
tempo livre nos finais de semana,
considerar o próprio desempenho
escolar fraco e aprovar o uso regular das substâncias.
Para o professor Arthur Guerra
de Andrade, coordenador do
Grea, o fato de um aluno de medicina beber ou usar drogas com frequência pode prejudicar suas atividades profissionais.
Andrade exemplifica com o uso
de álcool. "Não é impeditivo ao
médico beber. Mas quando ele começa a beber muito, o referencial
passa a ser ele mesmo".
De acordo com Andrade, o
maior problema desses médicos é
diagnosticar ou tratar o alcoolismo. "Se o paciente bebe o mesmo
tanto que ele, o médico passa a não
considerar isso um problema".
Segundo Guerra, o principal objetivo da pesquisa é orientar programas de prevenção do uso de
drogas entre os estudantes.
Metodologia
Para a realização da pesquisa, as
escolas montaram um consórcio,
responsável por levantar os dados.
Em cada escola, foram passados
questionários, nas salas de aula.
Os demais não preencheram o
questionário porque não estavam
nas salas de aula no momento da
pesquisa. Outros questionários,
entregues em branco, também foram desconsiderados.
Para o médico Arthur Guerra de
Andrade, do Grea, não é possível
afirmar, baseado em pesquisas anteriores feitas apenas na USP, se o
consumo de drogas está aumentando entre os estudantes.
(ANDRÉ MUGGIATI)
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
|