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OPINIÃO
Poluição: soluções objetivas
WERNER E. ZULAUF
Dia 8 de agosto, terceiro dia de
inversão térmica em Santiago do
Chile. O rodízio daquele dia impedia a circulação de veículos de finais, 0, 1, 2, 4, 5 e 7 -portanto,
60% dos veículos licenciados, inclusive táxis. Mesmo assim, a cidade estava em estado de emergência. A nuvem cinza-avermelhada
de poluentes contrastava negativamente com a bonita e moderna
capital chilena.
Prova adicional, a confirmar a
constatação de São Paulo, de que
rodízio não é solução para o controle da poluição. Rodízio é uma
medida que até agrada parte da
população por causa do tráfego.
Mas a melhoria das condições
ambientais que provoca é irrelevante. São necessárias medidas estruturais específicas, tais como o
programa de inspeção anual das
emissões de poluentes de veículos
em uso, em fase de implantação
pela Prefeitura de São Paulo.
Essa é uma medida estrutural
que irá controlar cada uma das milhões de fontes de poluição que são
os automóveis, ônibus e caminhões. Espera-se reduzir de 30 a
40% a poluição da cidade, por
meio desse programa.
O programa pagou o preço do
pioneirismo, tendo sido questionado em juízo, o que causou um
atraso de dois anos. Nesse período, o programa não foi citado pelo
secretário Feldmann, com quem a
prefeitura tem um contrato de auditoria e assistência técnica.
Uma carta de rescisão chegou
agora, quando as equipes da Cetesb, da Prefeitura e da concessionária trabalhavam para a implantação do sistema já a partir de setembro próximo. A revogação da
medida liminar que impedia os
trabalhos deu-se em maio recente.
A saída do órgão estadual em nada altera os planos da prefeitura
quanto à implantação do programa. Mas permite que se pergunte
ao sr. Feldmann por que Sua Excelência insiste no rodízio, sabidamente pouco eficaz, e desiste de
um programa que está prestes a
produzir os primeiros resultados
ambientais efetivos?
Será sua inadequada formação
técnica a causa da confusão? Ou
serão objetivos políticos menores
a se sobrepor aos seus -supõem-se que existam- compromissos com a ecologia?
É inadmissível que um ecologista de carteirinha tente desembarcar de um programa que produzirá frutos já a partir do próximo inverno, alegando que irá desenvolver outro, cujos resultados, na melhor das hipóteses, somente serão
palpáveis daqui a dois ou três
anos. Há mais do que poluição,
aviões e urubus entre o céu e a terra da metrópole paulistana...
Werner Eugenio Zulauf, 60, engenheiro civil e
sanitarista, secretário municipal do Verde e do
Meio Ambiente e presidente nacional da Anamma (Associação Nacional de Municípios e Meio
Ambiente).
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