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5.000 acompanham o enterro de Schincariol
DA FOLHA CAMPINAS
Pelo menos 5.000 pessoas, segundo cálculos da Guarda Civil
Municipal de Itu, participaram do
enterro e do velório de José Nelson Schincariol, ontem, no final
da tarde. O velório não pôde ser
acompanhado pela imprensa.
Nenhum familiar quis comentar o crime. Os parentes apenas
informaram que ele não estava recebendo ameaças -informação
confirmada pela polícia.
O prefeito de Itu, Lázaro Piunti
(sem partido), decretou ontem luto por três dias na cidade. Nenhuma das seis unidades da cervejaria
espalhadas pelo país funcionou.
No decreto, o prefeito classifica
o crime como uma "tragédia que
atinge a todos" da cidade de Itu.
Algumas lojas do comércio fecharam suas portas pela manhã
também em sinal de luto.
Paixão
Com um rádio de pilha em uma
mão e um copo de cerveja na outra. Era assim Schincariol gostava
de acompanhar os jogos do Ituano no estádio Novelli Júnior, em
Itu. Conforme relatos de amigos,
ele abria mão dos camarotes e
preferia a arquibancada.
"Um dos únicos divertimentos
do Nelson era o futebol. Não perdia nenhum jogo do clube, nem
mesmo as partidas fora da cidade", conta o presidente do Ituano
Futebol Clube, Edson Tomba.
Há 15 dias, o empresário havia
renovado o contrato de patrocínio com o clube. A parceria Schincariol/Ituano começou em 1988,
quando o time da cidade disputava a segunda divisão do Campeonato Paulista.
"As histórias da Schincariol e do
Ituano se confundem. Itu perdeu
seu filho mais ilustre", disse o empresário Oliveira Júnior, que arrendou o futebol do Ituano e controla o clube atualmente.
Segundo de sete filhos (cinco
mulheres e dois homens), o empresário nasceu em Itu em 29 de
março de 1943. Seu pai, o imigrante italiano Primo Schincariol,
tinha uma adega e uma pequena
fábrica de bebidas alcoólicas
(principalmente aguardente e
vermute) e de refrigerantes.
Começou a trabalhar na fábrica
ainda pequeno, ajudando a engarrafar bebidas e fazendo entregas. A amiga de infância Maria
Aparecida Segabinassi, 68, conta
que ele perdeu a visão de um olho
quando uma garrafa explodiu.
Mesmo quando a empresa trocou seu perfil quase artesanal pelo
posto de uma das maiores do
país, ele não mudou seu estilo de
vida. Frequentava havia 25 anos o
Bar do Alemão, um dos mais antigos de Itu. Os funcionários dizem
que ele aparecia quase todo final
de semana para almoçar ou jantar
com a mulher, Cecília Ivani, e os
filhos Alexandre e Adriano. A última vez em que esteve no restaurante foi no Dia dos Pais.
O empresário ia todo domingo
à missa, na igreja da Candelária,
de cujas quermesses participava.
Além disso, gostava de passear
pela praça central da cidade.
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