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São Paulo, quarta-feira, 20 de agosto de 2003

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5.000 acompanham o enterro de Schincariol

DA FOLHA CAMPINAS

Pelo menos 5.000 pessoas, segundo cálculos da Guarda Civil Municipal de Itu, participaram do enterro e do velório de José Nelson Schincariol, ontem, no final da tarde. O velório não pôde ser acompanhado pela imprensa.
Nenhum familiar quis comentar o crime. Os parentes apenas informaram que ele não estava recebendo ameaças -informação confirmada pela polícia.
O prefeito de Itu, Lázaro Piunti (sem partido), decretou ontem luto por três dias na cidade. Nenhuma das seis unidades da cervejaria espalhadas pelo país funcionou.
No decreto, o prefeito classifica o crime como uma "tragédia que atinge a todos" da cidade de Itu.
Algumas lojas do comércio fecharam suas portas pela manhã também em sinal de luto.

Paixão
Com um rádio de pilha em uma mão e um copo de cerveja na outra. Era assim Schincariol gostava de acompanhar os jogos do Ituano no estádio Novelli Júnior, em Itu. Conforme relatos de amigos, ele abria mão dos camarotes e preferia a arquibancada.
"Um dos únicos divertimentos do Nelson era o futebol. Não perdia nenhum jogo do clube, nem mesmo as partidas fora da cidade", conta o presidente do Ituano Futebol Clube, Edson Tomba.
Há 15 dias, o empresário havia renovado o contrato de patrocínio com o clube. A parceria Schincariol/Ituano começou em 1988, quando o time da cidade disputava a segunda divisão do Campeonato Paulista.
"As histórias da Schincariol e do Ituano se confundem. Itu perdeu seu filho mais ilustre", disse o empresário Oliveira Júnior, que arrendou o futebol do Ituano e controla o clube atualmente.
Segundo de sete filhos (cinco mulheres e dois homens), o empresário nasceu em Itu em 29 de março de 1943. Seu pai, o imigrante italiano Primo Schincariol, tinha uma adega e uma pequena fábrica de bebidas alcoólicas (principalmente aguardente e vermute) e de refrigerantes.
Começou a trabalhar na fábrica ainda pequeno, ajudando a engarrafar bebidas e fazendo entregas. A amiga de infância Maria Aparecida Segabinassi, 68, conta que ele perdeu a visão de um olho quando uma garrafa explodiu.
Mesmo quando a empresa trocou seu perfil quase artesanal pelo posto de uma das maiores do país, ele não mudou seu estilo de vida. Frequentava havia 25 anos o Bar do Alemão, um dos mais antigos de Itu. Os funcionários dizem que ele aparecia quase todo final de semana para almoçar ou jantar com a mulher, Cecília Ivani, e os filhos Alexandre e Adriano. A última vez em que esteve no restaurante foi no Dia dos Pais.
O empresário ia todo domingo à missa, na igreja da Candelária, de cujas quermesses participava. Além disso, gostava de passear pela praça central da cidade.


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