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São Paulo, quarta-feira, 20 de agosto de 2003

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SAÚDE

Pesquisa da Faculdade de Saúde Pública mostra que adesão ao aleitamento até os seis meses é maior onde há ações de incentivo

Apenas 14% dos bebês recebem leite da mãe

CLÁUDIA COLLUCCI
DA REPORTAGEM LOCAL

Pesquisa realizada pela Faculdade de Saúde Pública da USP (Universidade de São Paulo) com 34.435 crianças em 111 municípios do Estado mostra que apenas 13,9% dos bebês de até seis meses são amamentados exclusivamente com leite materno.
O aleitamento materno até essa idade é uma orientação da OMS (Organização Mundial de Saúde). A prática reduz as chances de mortalidade e oferece proteção contra doenças, principalmente diarréia e infecções respiratórias.
No estudo, feito como tese de doutorado da médica pediatra Sônia Isoyama Venâncio, ficou demonstrado que quanto maior o número de ações de incentivo à amamentação implantadas pelo município, maiores serão as chances de o aleitamento ser exclusivo até o sexto mês.
Venâncio avaliou oito ações que constam do Programa Nacional de Incentivo ao Aleitamento Materno, do Ministério da Saúde. A conclusão foi que, em municípios com cinco ações de incentivo, 22,4% das crianças são amamentadas até os seis meses. Em municípios com quatro ações, o índice é de 21,5% e, com três, cai para 12,4%. Com a inexistência de programas, o índice vai a 10,2%.
Segundo a pesquisadora, entre os fatores relacionados à mãe que levam à interrupção do aleitamento precocemente, estão o baixo nível de escolaridade, a paridade (primeiro filho) e a idade (jovens até 20 anos).
A pesquisa revelou ainda que os meninos têm menos chances de serem amamentados exclusivamente até o sexto mês. "As mães acham que eles sentem mais fome e acabam dando complemento alimentar, o que não é recomendado pela OMS", diz Venâncio.
De acordo com a pesquisadora, nas localidades onde há ações voltadas ao aleitamento exclusivo, as crianças atendidas pelo SUS têm mais chances de serem amamentadas com leite materno até o sexto mês de vida em relação àquelas que utilizam a rede privada.
Para Maria Lúcia Futuro, uma das coordenadoras do grupo carioca de incentivo à amamentação "Amigas do Peito", o principal problema da baixa adesão ao aleitamento materno é a falta de apoio durante a gestação. "Quando elas [as mães] entendem o conceito [do aleitamento] e encontram apoio, dificilmente interrompem a amamentação", diz.
O estudo faz parte de projeto desenvolvido pelo Instituto de Saúde da Secretaria de Estado da Saúde que visa identificar a população vulnerável ao desmame precoce para que os municípios possam intervir. Os dados, coletados em dias de vacinação, são de 99.


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