São Paulo, sexta-feira, 20 de setembro de 2002

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Crueldade marca ações de traficante

DA SUCURSAL DO RIO

Elias Pereira da Silva, 36, o Elias Maluco, ganhou o apelido dos próprios comparsas, graças à crueldade e a violência que marcam sua ações. O traficante tem 14 anotações em sua ficha criminal e seis mandados de prisão.
De acordo com a última denúncia apresentada à Justiça pelo Ministério Público Estadual, Maluco golpeou o tórax do jornalista Tim Lopes uma espada ninja na sessão de tortura em que ele acabou assassinado, no dia 2 de junho, no complexo do Alemão.
O jornalista teve as pernas cortadas e foi queimado, ainda vivo, dentro de pneus -o que os traficantes chamam de "microondas".
Além do processo por homicídio e formação de quadrilha no caso do assassinato de Lopes, Maluco responde a mais quatro processos, sob as acusações de associação para o tráfico, tentativa de homicídio de quatro policiais civis e um militar, em janeiro de 2001, e sequestro.
O criminoso teve uma condenação, a três anos de prisão, por tráfico de drogas -considerada cumprida. Foi absolvido, em 1998, em outro processo de sequestro. Preso em 1996 pela DAS (Divisão Anti-Sequestro), acusado do sequestro do bancário José Zeno, foi solto graças a um habeas corpus obtido em julho de 2000.
Como, depois de quatro anos, não havia sentença no processo, a Justiça do Rio entendeu que o traficante estava sendo submetido a um constrangimento ilegal.
Elias Maluco é originário da quadrilha do traficante Flávio Negão, da favela de Vigário Geral (zona norte). Com a morte de Negão, em 1995, foi ascendendo de posto e se tornou homem de confiança de Márcio Nepomuceno, o Marcinho VP, um dos "chefões" do Comando Vermelho e um dos líderes da rebelião em Bangu 1.
Quando Elias Maluco ganhou o habeas corpus, em 2000, Marcinho VP já estava preso. Elias virou um dos chefes do CV nas ruas.
Mesmo assim, era considerado pela polícia apenas um gerente do tráfico, e nunca esteve na lista dos mais procurados. "Elias é um "zé ruela", só ganhou expressão mundial depois do Tim Lopes", afirmou o delegado Fernando Moraes, coordenador das delegacias especializadas. (FERNANDA DA ESCÓSSIA E SABRINA PETRY)

Texto Anterior: PM é alijada das investigações
Próximo Texto: Polícia diz que empresa atrapalhou
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.