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Crueldade marca ações de traficante
DA SUCURSAL DO RIO
Elias Pereira da Silva, 36, o Elias
Maluco, ganhou o apelido dos
próprios comparsas, graças à
crueldade e a violência que marcam sua ações. O traficante tem 14
anotações em sua ficha criminal e
seis mandados de prisão.
De acordo com a última denúncia apresentada à Justiça pelo Ministério Público Estadual, Maluco
golpeou o tórax do jornalista Tim
Lopes uma espada ninja na sessão
de tortura em que ele acabou assassinado, no dia 2 de junho, no
complexo do Alemão.
O jornalista teve as pernas cortadas e foi queimado, ainda vivo,
dentro de pneus -o que os traficantes chamam de "microondas".
Além do processo por homicídio e formação de quadrilha no
caso do assassinato de Lopes, Maluco responde a mais quatro processos, sob as acusações de associação para o tráfico, tentativa de
homicídio de quatro policiais civis e um militar, em janeiro de
2001, e sequestro.
O criminoso teve uma condenação, a três anos de prisão, por tráfico de drogas -considerada
cumprida. Foi absolvido, em
1998, em outro processo de sequestro. Preso em 1996 pela DAS
(Divisão Anti-Sequestro), acusado do sequestro do bancário José
Zeno, foi solto graças a um habeas
corpus obtido em julho de 2000.
Como, depois de quatro anos,
não havia sentença no processo, a
Justiça do Rio entendeu que o traficante estava sendo submetido a
um constrangimento ilegal.
Elias Maluco é originário da
quadrilha do traficante Flávio Negão, da favela de Vigário Geral
(zona norte). Com a morte de Negão, em 1995, foi ascendendo de
posto e se tornou homem de confiança de Márcio Nepomuceno, o
Marcinho VP, um dos "chefões"
do Comando Vermelho e um dos
líderes da rebelião em Bangu 1.
Quando Elias Maluco ganhou o
habeas corpus, em 2000, Marcinho VP já estava preso. Elias virou
um dos chefes do CV nas ruas.
Mesmo assim, era considerado
pela polícia apenas um gerente do
tráfico, e nunca esteve na lista dos
mais procurados. "Elias é um "zé
ruela", só ganhou expressão mundial depois do Tim Lopes", afirmou o delegado Fernando Moraes, coordenador das delegacias
especializadas.
(FERNANDA DA ESCÓSSIA E SABRINA PETRY)
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