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AMBIENTE
ONG mapeou área florestal
Invasões ameaçam o parque da Pedra Branca
SERGIO TORRES
DA SUCURSAL DO RIO
Maior área florestal urbana do
mundo, o Parque Estadual da
Pedra Branca (zona oeste do Rio
de Janeiro) apresenta pelo menos
35 pontos de invasão. Recém-concluído, o mapeamento da área
feito pela ONG SOS Floresta da
Pedra Branca revela que a ocupação irregular do parque não é
praticada só por moradores de favelas, mas também por condomínios de luxo.
Dentro do parque, de 12,5 mil
hectares, fica o pico da Pedra
Branca, ponto mais alto do Rio,
com 1.024 m de altura em relação
ao nível do mar.
O parque é um manancial de
nascentes que abastecem a zona
oeste. Nele, há 218 espécies vegetais catalogadas e exemplares raros da vida animal no município,
como a cobra-de-vidro.
O estudo mostra que toda a área
em torno do parque está ameaçada pelas ocupações. Em cinco
pontos, o parque foi invadido por
condomínios e loteamentos destinados a moradores de renda alta.
Um deles é o condomínio Camorim, onde a Folha registrou
ontem a existência de pelo menos
50 casas construídas na floresta. O
condomínio não tem alvará da
Prefeitura do Rio nem licença dos
órgãos ambientais do Estado. A
água é captada de nascentes das
montanhas. A estrada de acesso
foi construída e pavimentada pelos moradores. Ninguém no Camorim quis dar entrevista.
Os ambientalistas percorreram
todo o entorno do parque para
realizar o mapeamento. Encontraram 30 pontos em que as favelas invadiram áreas que deveriam
estar preservadas. Quase todas já
estão dominadas pelo tráfico.
Na Comunidade Santa Maria,
na localidade de Pau da Fome,
moram cerca de 500 famílias. A
expansão da favela, que até o início da década de 90 tinha 50 casas,
ocorreu nos últimos anos.
A invasão por moradores de
baixa renda está ocorrendo principalmente nos bairros operários
da região, como Bangu, Realengo
e Campo Grande.
Administrador do parque estadual em 1999 e 2000, Marcelo Soares, diretor da ONG, disse à Folha
que o IEF (Instituto Estadual de
Florestas) tem apenas quatro
guardas florestais para vigiar todos os 12,5 mil hectares.
Como a segurança é precária, é
livre o trânsito de caçadores.
O presidente do IEF, Maurício
Lobo, disse que as invasões no
Parque Estadual da Pedra Branca
são antigas. Lobo diz desconhecer
o novo mapeamento das áreas invadidas do parque, que acaba de
completar 29 anos de criação.
Lobo reconheceu que o parque
estadual "sofre uma pressão
imensa da cidade", motivada pela
"expansão urbana", mas que o
IEF tem fiscalizado a região.
"Nada está 100% resolvido, mas
a nossa fiscalização preserva o entorno [do parque]", disse.
Desde o início do ano, segundo
o presidente do IEF, o Estado vem
realizando melhorias no Parque
Estadual da Pedra Branca.
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