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São Paulo, sábado, 20 de setembro de 2003

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AMBIENTE

ONG mapeou área florestal

Invasões ameaçam o parque da Pedra Branca

SERGIO TORRES
DA SUCURSAL DO RIO

Maior área florestal urbana do mundo, o Parque Estadual da Pedra Branca (zona oeste do Rio de Janeiro) apresenta pelo menos 35 pontos de invasão. Recém-concluído, o mapeamento da área feito pela ONG SOS Floresta da Pedra Branca revela que a ocupação irregular do parque não é praticada só por moradores de favelas, mas também por condomínios de luxo.
Dentro do parque, de 12,5 mil hectares, fica o pico da Pedra Branca, ponto mais alto do Rio, com 1.024 m de altura em relação ao nível do mar.
O parque é um manancial de nascentes que abastecem a zona oeste. Nele, há 218 espécies vegetais catalogadas e exemplares raros da vida animal no município, como a cobra-de-vidro.
O estudo mostra que toda a área em torno do parque está ameaçada pelas ocupações. Em cinco pontos, o parque foi invadido por condomínios e loteamentos destinados a moradores de renda alta.
Um deles é o condomínio Camorim, onde a Folha registrou ontem a existência de pelo menos 50 casas construídas na floresta. O condomínio não tem alvará da Prefeitura do Rio nem licença dos órgãos ambientais do Estado. A água é captada de nascentes das montanhas. A estrada de acesso foi construída e pavimentada pelos moradores. Ninguém no Camorim quis dar entrevista.
Os ambientalistas percorreram todo o entorno do parque para realizar o mapeamento. Encontraram 30 pontos em que as favelas invadiram áreas que deveriam estar preservadas. Quase todas já estão dominadas pelo tráfico.
Na Comunidade Santa Maria, na localidade de Pau da Fome, moram cerca de 500 famílias. A expansão da favela, que até o início da década de 90 tinha 50 casas, ocorreu nos últimos anos.
A invasão por moradores de baixa renda está ocorrendo principalmente nos bairros operários da região, como Bangu, Realengo e Campo Grande.
Administrador do parque estadual em 1999 e 2000, Marcelo Soares, diretor da ONG, disse à Folha que o IEF (Instituto Estadual de Florestas) tem apenas quatro guardas florestais para vigiar todos os 12,5 mil hectares.
Como a segurança é precária, é livre o trânsito de caçadores.
O presidente do IEF, Maurício Lobo, disse que as invasões no Parque Estadual da Pedra Branca são antigas. Lobo diz desconhecer o novo mapeamento das áreas invadidas do parque, que acaba de completar 29 anos de criação.
Lobo reconheceu que o parque estadual "sofre uma pressão imensa da cidade", motivada pela "expansão urbana", mas que o IEF tem fiscalizado a região.
"Nada está 100% resolvido, mas a nossa fiscalização preserva o entorno [do parque]", disse.
Desde o início do ano, segundo o presidente do IEF, o Estado vem realizando melhorias no Parque Estadual da Pedra Branca.


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