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ADMINISTRAÇÃO
Empreendimento do governo do Estado é aberto amanhã onde antes funcionava a Casa de Detenção do Carandiru
Prefeitura veta e depois libera novo parque
DA REPORTAGEM LOCAL
Depois de embargar, ontem de
manhã, a inauguração da primeira etapa do Parque da Juventude
-construído pelo governo do Estado onde antes funcionou a Casa
de Detenção do Carandiru, na zona norte-, a Subprefeitura de
Santana/Tucuruvi voltou atrás, à
noite, e liberou a abertura do local
para o público, amanhã, às 10h.
Em nota oficial, divulgada por
volta das 20h40, a subprefeitura
afirma ter levado em consideração, na sua decisão, as justificativas apresentadas à Secretaria do
Governo Municipal pelo secretário de Estado da Juventude, Esporte e Lazer, Lars Grael.
Menos de três horas antes, no
entanto, o subprefeito Maurício
Pacheco Chagas estava se dirigindo ao 9º Distrito Policial (Carandiru), a fim de registrar em boletim de ocorrência que não tinha
conseguido entrar no parque para
verificar se as obras haviam mesmo sido paralisadas. Afirmava
também que colocaria colunas de
concreto e até a Guarda Civil Metropolitana em frente aos portões
do local, para impedir que eles
fossem abertos amanhã.
O Parque da Juventude não tem
alvará do município para funcionar, fato que só foi descoberto pela subprefeitura -responsável
pela fiscalização desse tipo de irregularidade- há cerca de 20
dias, segundo Chagas. As obras
no local começaram há 270 dias.
A principal justificativa do Estado para a falta do documento é
que o governo não teria obrigação
de fazer o licenciamento na prefeitura, o que é questionado por
especialistas em direito administrativo ouvidos pela Folha.
Eles afirmam que a obrigatoriedade existe porque é o município
que disciplina as questões de uso e
ocupação do solo e a essa legislação estão sujeitos todos os empreendimentos, sejam da iniciativa privada ou do poder público
(municipal, estadual ou federal).
Dizem ainda que a prefeitura
pode ser responsabilizada solidariamente por qualquer acidente
ocorrido no parque se ele for
aberto sem autorização.
Na nota divulgada, a Subprefeitura de Santana diz que mantém a
orientação para que toda a documentação exigida seja apresentada, mas não dá prazo para isso.
Durante todo o dia de ontem,
Chagas e Grael trocaram farpas.
"O governo não está acima da
lei", afirmou o subprefeito. "Prefiro acreditar que isso não é uma
orientação política da prefeitura",
provocou o secretário. "Político é
construir um parque no meio de
três presídios [no Complexo do
Carandiru, ainda funcionam a Penitenciária Feminina, a Penitenciária do Estado e o Centro de Observação Criminológica]", rebateu o subprefeito. "Ser contra o
parque é ser contra a população",
afirmou o secretário.
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