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Febem alega falta de segurança e barra visita da ONU
CHICO DE GOIS
DA REPORTAGEM LOCAL
A superlotação -e a consequente insegurança- na Unidade de Atendimento Inicial (UAI)
do Brás, na zona leste de São Paulo, foi utilizada como argumento
pela Febem para impedir a visita
ao local que a relatora especial da
ONU (Organização das Nações
Unidas), Asma Jahangir, havia
agendado para a próxima sexta.
A explicação foi dada ontem pela assessoria de imprensa da Fundação Estadual do Bem-Estar do
Menor, que afirmou que a UAI
Brás abriga 655 internos, apesar
de ter capacidade para apenas 62.
Em 8 de agosto, o Ministério Público denunciou o caso à Justiça,
que, em 21 de agosto, deu prazo
de 90 dias para que a fundação resolva o problema da superlotação.
De acordo com a assessoria, essa unidade recebe infratores de
todo o Estado. Eles deveriam permanecer no local por 45 dias, até
que fossem remanejados para outros lugares. O problema, ainda
segundo a assessoria de imprensa, é que não há vagas em quantidade suficiente para atender a todos. Em agosto, por exemplo, saíram 1.034 adolescentes das várias
unidades da Febem, mas foram
internados 1.177 -ou seja, houve
um déficit de 143 vagas somente
nesse mês.
A assessoria de imprensa informou que "a situação é delicada" e
que na UAI Brás há muitos reincidentes, "de perfil perigoso". Além
disso, a visita de Jahangir implicaria "alteração da rotina, tornando
as coisas mais difíceis", segundo a
assessoria. "A Febem considera
que não é adequado receber uma
comitiva no local por questões de
segurança."
Para tentar contornar o problema causado pela recusa, a Febem
encaminhou um ofício a Jahangir,
em 12 de setembro, no qual afirma que outras unidades estão
abertas para recebê-la. Optou-se,
assim, por Franco da Rocha, onde
neste ano aconteceram várias rebeliões e denúncias de tortura.
Nessa unidade há 285 internos.
A assessoria de imprensa informou que na semana passada o
presidente da Febem, Paulo Sérgio de Oliveira, e o secretário da
Educação, Gabriel Chalita, reuniram-se com o governador Geraldo Alckmin para tratar do problema de superlotação nas unidades.
Aluguel
O governador determinou que
fosse formada uma comissão, que
terá de imediato duas metas: 1)
identificar prédios do governo estadual que possam ser reformados e adaptados para abrigar unidades pequenas da Febem e 2)
procurar imóveis para alugar em
40 cidades do interior e do litoral
que mais enviam internos para as
unidades da capital.
A estimativa é que se gaste cerca
de R$ 1 milhão nessa empreitada.
O objetivo da Febem é obter mil
vagas para desafogar a UAI Brás e
também para absorver os 285
adolescentes de Franco da Rocha,
cuja unidade terá de ser desativada até o final do ano, conforme
uma decisão judicial.
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