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Crescimento
é maior na
hora de folga
da Reportagem Local
O crescimento do número de civis mortos pela Polícia Militar foi
maior no período de folga do policial do que durante seu horário
de serviço como PM.
Nas folgas, quando a maioria
dos policiais faz bico como segurança, foram mortas 69 pessoas
entre julho e setembro deste ano,
81,6% a mais do que no mesmo
período do ano passado (38).
Em serviço, PMs mataram 109
pessoas -62,7% a mais do que
no mesmo trimestre de 98 (67).
"Para mim, esses dados revelam
que o policial estava fazendo bico,
como segurança, por exemplo. E
que levou para os trabalhos extras
a mesma filosofia de violência da
corporação", afirmou o ouvidor
Benedito Mariano.
A mesma situação se repete
com os policiais civis. Apesar de
apresentarem um número inferior de vítimas durante esse trimestre (24 pessoas, segundo a ouvidoria), a metade delas foi morta
por policiais que estavam de folga
-140% a mais do que no mesmo
período de 98 (com 5 mortos).
"É um quadro grave que revela
que policiais, tanto civis quanto
militares, estão matando mais fora de serviço. Quem mais sofre
com isso é a população pobre, que
não tem como se defender", disse
Mariano.
Jovens e sem passagens
Dados da ouvidoria revelam
que a maioria das vítimas da Polícia Militar e da Polícia Civil é
composta de jovens, boa parte
sem antecedentes criminais.
Das 202 pessoas mortas pelas
duas polícias, entre julho e setembro deste ano, cerca de 115
(57,14%) não tinham antecedentes criminais. Na Polícia Militar,
por exemplo, das 178 vítimas, 167
foram registradas como casos de
resistência seguida de morte.
"É difícil acreditar que todas essas pessoas tenham, pela primeira
vez, entrado em confronto com a
polícia", afirmou Mariano.
A idade das vítimas, segundo
ele, também é preocupante.
Jovens de 18 a 25 anos representam cerca de 70% das vítimas da
polícia.
"Em outras pesquisas anteriores da ouvidoria, esses jovens
nunca passaram de 50% do total
de vítimas", disse.
Para Dyrceu Cintra, ex-presidente da Associação Juízes para a
Democracia, esses dados da ouvidoria deveriam ser investigados
por um órgão independente.
"É preciso compreender por
que a polícia mata tanto fora de
serviço e qual a circunstância da
morte dessas pessoas. Já constatamos isso há tempos, mas o difícil é
comprovar as circunstâncias das
mortes", afirmou Cintra.
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