São Paulo, Quarta-feira, 20 de Outubro de 1999
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RETIRADA

Operação retirou 2.800 pessoas de área da CDHU

Moradores enfrentam a PM para evitar ação de despejo
Ormuzd Alves/Folha Imagem
Policiais militares afastam pessoas do local onde um barraco foi incendiado, no Jardim S. Carlos


da Reportagem Local

A desocupação de uma favela na zona leste de São Paulo transformou as ruas do Jardim São Carlos em um campo de batalha.
Cerca de 2.800 pessoas que viviam irregularmente dentro de uma área da CDHU (Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano) foram despejadas ontem de manhã, em operação que envolveu mais de 200 policiais militares.
Houve reação ao despejo e 11 pessoas ficaram feridas em confrontos que aconteceram durante todo o dia, incluindo um policial. Três pessoas acabaram presas.
A Polícia Militar usou gás, bombas de efeito moral e balas de borracha contra as pedras atiradas pelos moradores.
A área em disputa estava ocupada há cinco anos por moradores despejados da favela do Jardim Limoeiro, na mesma região.
No final de julho deste ano, o juiz Wanderley Sebastião Fernandes, da 6ª Vara da Fazenda Pública, decidiu pela retirada das famílias, a ser realizada em 90 dias.
Até ontem, às 18h, ainda havia moradores da favela sem saber para onde iriam. A CDHU providenciou um barracão para guardar os móveis e dez vagas em um abrigo provisório.
""Só me restou uma coisa: vou roubar quem tem. Só devo respeito aos pais de família", disse o catador de papel Eugênio Márcio, 38, que vivia na favela com a mulher e quatro filhos -todos com menos de dez anos.
Segundo a CDHU, era preciso retirar as famílias, para regularizar o loteamento. ""Tentamos negociar uma saída voluntária , o que não deu certo", disse Vitor Gomes, 51, procurador da CDHU.


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