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CASO PEDRINHO
Em livro de 88, ela relata ter reconhecido outra mulher como sequestradora; agora, afirma o mesmo sobre Vilma
Defesa tenta mostrar contradição da mãe
FABIANO MAISONNAVE
DA AGÊNCIA FOLHA, EM GOIÂNIA
O advogado Ezízio Barbosa
usou ontem trecho do livro "Devolva meu filho!", escrito pela
mãe biológica de Pedrinho, Maria
Auxiliadora Braule Pinto, para fazer a defesa de sua cliente, Vilma
Martins Costa, principal suspeita
do sequestro do rapaz, há quase
17 anos. Intimada a depor ontem
em Goiânia, Vilma disse à polícia
que só falará em juízo.
Segundo o advogado, Maria
Auxiliadora relata no livro, escrito
em 88, que havia identificado a sequestradora por meio de uma foto mostrada pela polícia dias após
o sequestro. A foto seria de uma
assessora política.
Diz o trecho lido por Barbosa:
"Quase à meia-noite do dia 24 de
janeiro, dois agentes da Polícia Civil vieram à nossa casa com duas
fotos (...). Ao vê-las, afirmei categoricamente tratar-se da raptora!
Depois fiquei sabendo, através da
imprensa, que todas as testemunhas envolvidas fizeram a mesma
afirmação, exceto uma".
No livro, Maria Auxiliadora insinua que a assessora não foi investigada por influência política e
que não havia sido possível fazer
seu reconhecimento.
Anteontem, Maria Auxiliadora
disse que havia reconhecido Vilma como a sequestradora de Pedrinho "com absoluta certeza,
sem qualquer dúvida".
Para o advogado, o trecho anula
outros depoimentos contra Vilma. "Ao afirmar hoje que é a dona
Vilma, mostra uma contradição e
sintetiza todos os depoimentos,
porque as pessoas que foram ouvidas fazem afirmações que não
correspondem à realidade, muitas vezes por desavenças familiares. Vilma é inocente."
Dois parentes de Vilma já depuseram contra ela: um irmão afirma que a levou a Brasília na época
do sequestro e outra irmã afirma
que uma de suas filhas também
foi sequestrada.
A cópia do livro a que o advogado teve acesso foi um presente de
Maria Auxiliadora a Pedrinho no
primeiro reencontro dos dois.
Maria Auxiliadora e seu marido
foram procurados ontem, em
Brasília, mas não foram encontrados. Eles não têm advogado.
Depoimentos
Ontem dois delegados da Polícia Civil de Brasília que investigam o sequestro de Pedrinho estiveram em Goiânia para ouvir os
últimos depoimentos do inquérito, que deve ficar pronto até sexta.
Ontem, foram ouvidas três pessoas da família do pai adotivo, Osvaldo Borges: sua ex-mulher,
Cleonisia Amélia de Oliveira, o filho mais velho do casal, Jorge
Borges, e sua filha, cujo nome não
foi revelado.
A família sustenta que Osvaldo,
morto no mês passado, não sabia
que Pedrinho, registrado como
Osvaldo Borges Jr., não era seu filho natural.
Também foi ouvida Maria Helena, que alugou uma casa em Goiânia para Vilma e Osvaldo Borges
no início de fevereiro de 1986, dias
depois do sequestro de Pedrinho,
em 21 de janeiro.
Nenhum dos depoentes falou
com a imprensa. Em rápida conversa com a reportagem no corredor da delegacia, Cleonisia disse:
"Foi ela".
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