São Paulo, quarta-feira, 20 de novembro de 2002

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CASO PEDRINHO

Em livro de 88, ela relata ter reconhecido outra mulher como sequestradora; agora, afirma o mesmo sobre Vilma

Defesa tenta mostrar contradição da mãe

FABIANO MAISONNAVE
DA AGÊNCIA FOLHA, EM GOIÂNIA

O advogado Ezízio Barbosa usou ontem trecho do livro "Devolva meu filho!", escrito pela mãe biológica de Pedrinho, Maria Auxiliadora Braule Pinto, para fazer a defesa de sua cliente, Vilma Martins Costa, principal suspeita do sequestro do rapaz, há quase 17 anos. Intimada a depor ontem em Goiânia, Vilma disse à polícia que só falará em juízo.
Segundo o advogado, Maria Auxiliadora relata no livro, escrito em 88, que havia identificado a sequestradora por meio de uma foto mostrada pela polícia dias após o sequestro. A foto seria de uma assessora política.
Diz o trecho lido por Barbosa: "Quase à meia-noite do dia 24 de janeiro, dois agentes da Polícia Civil vieram à nossa casa com duas fotos (...). Ao vê-las, afirmei categoricamente tratar-se da raptora! Depois fiquei sabendo, através da imprensa, que todas as testemunhas envolvidas fizeram a mesma afirmação, exceto uma".
No livro, Maria Auxiliadora insinua que a assessora não foi investigada por influência política e que não havia sido possível fazer seu reconhecimento.
Anteontem, Maria Auxiliadora disse que havia reconhecido Vilma como a sequestradora de Pedrinho "com absoluta certeza, sem qualquer dúvida".
Para o advogado, o trecho anula outros depoimentos contra Vilma. "Ao afirmar hoje que é a dona Vilma, mostra uma contradição e sintetiza todos os depoimentos, porque as pessoas que foram ouvidas fazem afirmações que não correspondem à realidade, muitas vezes por desavenças familiares. Vilma é inocente."
Dois parentes de Vilma já depuseram contra ela: um irmão afirma que a levou a Brasília na época do sequestro e outra irmã afirma que uma de suas filhas também foi sequestrada.
A cópia do livro a que o advogado teve acesso foi um presente de Maria Auxiliadora a Pedrinho no primeiro reencontro dos dois.
Maria Auxiliadora e seu marido foram procurados ontem, em Brasília, mas não foram encontrados. Eles não têm advogado.

Depoimentos
Ontem dois delegados da Polícia Civil de Brasília que investigam o sequestro de Pedrinho estiveram em Goiânia para ouvir os últimos depoimentos do inquérito, que deve ficar pronto até sexta.
Ontem, foram ouvidas três pessoas da família do pai adotivo, Osvaldo Borges: sua ex-mulher, Cleonisia Amélia de Oliveira, o filho mais velho do casal, Jorge Borges, e sua filha, cujo nome não foi revelado.
A família sustenta que Osvaldo, morto no mês passado, não sabia que Pedrinho, registrado como Osvaldo Borges Jr., não era seu filho natural.
Também foi ouvida Maria Helena, que alugou uma casa em Goiânia para Vilma e Osvaldo Borges no início de fevereiro de 1986, dias depois do sequestro de Pedrinho, em 21 de janeiro.
Nenhum dos depoentes falou com a imprensa. Em rápida conversa com a reportagem no corredor da delegacia, Cleonisia disse: "Foi ela".


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