|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Municípios com surto da doença têm focos do mosquito Aedes
DANIELA FALCÃO
da Sucursal de Brasília
Pelo menos 30% dos municípios dos três Estados que registraram surto de febre amarela silvestre em 99 -Pará, Tocantins e
Goiás- têm focos do Aedes
aegypti, mosquito que transmite
a dengue e a versão urbana da febre amarela.
A situação é mais crítica em
Goiás, onde seis pessoas contraíram febre amarela silvestre entre
setembro e dezembro passados
(entre elas dois turistas do Distrito Federal e uma do Rio de Janeiro) e outras 11 aguardam exames
para confirmar a doença.
Dos 242 municípios goianos,
82% apresentam focos do Aedes
aegypti -uma das mais altas taxas de infestação do país .
A combinação de surtos de febre amarela silvestre com infestação do Aedes no mesmo Estado é
perigosa porque pode provocar a
volta da febre amarela urbana, erradicada do país desde 42.
O Ministério da Saúde considera "muito remota" a chance de a
doença se reurbanizar, mas recomenda que a vacinação contra febre amarela seja intensificada nos
Estados que apresentarem surtos
da versão silvestre.
As 70 vítimas da febre amarela
silvestre no Brasil em 99 foram infectadas em florestas pelo mosquito Haemagogus, que transmite a doença a humanos depois de
picar macacos infectados.
O Haemagogus só é encontrado
em áreas de floresta, como na
Chapada dos Veadeiros (GO), onde os três turistas foram infectados em dezembro passado.
Já o Aedes aegypti, que é um
mosquito urbano, também pode
ser transmissor da febre amarela
urbana. Para que isso aconteça,
precisa picar alguém que esteja
infectado e, depois, picar alguém
que não tenha sido imunizado.
"Há uma chance estatística de
isso acontecer, mas a probabilidade é muito pequena", diz Paulo
Vilarinhos, gerente de Febre
Amarela e Dengue da Funasa
(Fundação Nacional da Saúde),
órgão federal responsável pelo
combate ao Aedes. De janeiro de
98 a outubro de 99, 25 milhões de
pessoas foram vacinadas contra a
doença, sobretudo nas regiões
Norte e Centro-Oeste e no Maranhão, onde se concentra a maioria dos casos de febre silvestre.
Os municípios com infestação
de Aedes aegypti pularam de 1.791
em 95 para 3.534 no ano passado.
O aumento de 97,3% no número
de cidades com presença do mosquito ocorreu apesar de as verbas
federais para o combate ao Aedes
terem crescido.
Em 97, quando o PEA (Plano de
Erradicação do Aedes aegypti) foi
colocado em prática, 935 municípios receberam R$ 248,5 milhões
para combater o mosquito. No
ano passado, 3.931 cidades foram
beneficiadas pela verba federal,
que chegou a R$ 303,8 milhões
-um crescimento de 22,5%.
Para Vilarinhos, há duas hipóteses para explicar o aumento do
número de municípios com focos
do mosquito.
A primeira é que, em boa parte
dos municípios, o Aedes possa ter
adquirido resistência ao Temephós -inseticida usado para matar larvas do mosquito. Pesquisa
encomendada pela Funasa em 22
municípios detectou que em sete
cidades fluminenses e duas paulistas as larvas do Aedes apresentavam resistência ao Temephós.
Texto Anterior: Campanha de vacinação é antecipada Próximo Texto: Especialista não descarta febre urbana Índice
|