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MEIO AMBIENTE
Mancha de óleo aumenta e atinge área do último santuário ecológico da baía da Guanabara
Multa à Petrobras pode chegar a R$ 50 mi
das Sucursais do Rio e de Brasília
da Agência Folha
O Ministério do Meio Ambiente poderá multar a Petrobras em
até R$ 50 milhões pelo vazamento de óleo na baía da Guanabara.
A afirmação foi feita pelo superintendente do Ibama no Rio,
Carlos Henrique Abreu Mendes e
confirmada em nota oficial do
ministério, distribuída à noite.
"A Petrobras, por ser uma empresa estatal, deve dar o exemplo
de cuidado no resguardo do meio
ambiente, e por isso a atitude do
Ministério do Meio Ambiente será a de aplicar a lei com o todo o
rigor", afirma a nota.
O valor divulgado é o máximo
previsto na Lei de Crimes Ambientais e deverá ser aplicado
porque o vazamento atingiu a
APA (Área de Proteção Ambiental) de Guapimirim, o último santuário ecológico da baía.
De acordo com o superintendente do Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis), esta
é a primeira vez que a APA é atingida por vazamento de óleo.
Outra alternativa que está sendo estudada pelo Ibama é a aplicação de multas diárias, cujo valor pode chegar a até R$ 5 milhões
por dia, enquanto o óleo continuar matando microorganismos.
Essa alternativa é defendida pelo superintendente porque forçaria a Petrobras a agilizar a limpeza. A multa diária seria aplicada
durante o período crítico de dano. No caso, enquanto a mancha
de óleo impedir que os raios de
sol penetrem na água, prejudicando a flora e fauna.
Segundo Mendes, a equipe do
Ibama ainda não definiu se será
possível qualificar tecnicamente
qual é o período da fase crítica e,
por isso, há riscos de a opção da
multa diária ser descartada. "A alternativa seria a aplicação, de
uma só vez, do valor máximo
previsto na lei."
A decisão final seria tomada em
reunião entre o Ibama e o ministro do Meio Ambiente, José Sarney Filho, na noite de ontem. A
reunião, entretanto, foi adiada. O
ministro sobrevoará hoje a área
atingida e anunciará oficialmente
após o vôo as medidas que serão
adotadas pelo ministério.
Ontem à tarde, em São Luís
(MA), Sarney Filho disse considerar "irrisórias" as multas de R$
93,6 mil, aplicadas pelo Rio.
"Não podemos criar conflitos
de legislação, mas, à medida que
animais estão sendo atingidos e
há risco de prejuízos para a área
de preservação, temos que entrar
firme no caso." Sarney Filho convidou o presidente da Petrobras,
Henri Reichstul, para acompanhá-lo no sobrevôo à área.
O superintendente de Logística
e Transporte da Petrobras, Carlos
Alberto Martins de Souza, disse
ontem no final da tarde que a empresa ainda não havia sido notificada de nenhuma multa.
Garotinho quer reparação
A ANP (Agência Nacional do
Petróleo) distribuiu nota informando que vai notificar a Petrobras para que ela dê explicações
sobre o derramamento. A agência
informou ainda que fará vistorias
no local do acidente e no sistema
de transporte de óleo da estatal".
O governador Anthony Garotinho (PDT), afirmou que dirá ao
presidente Fernando Henrique
Cardoso, em encontro previsto
para terça-feira, em Brasília, que a
"se faz necessária uma reparação"
ao Estado pela Petrobrás.
Essa reparação, de acordo com
o governador, deve ser feita na
forma de um aporte de recursos
pela estatal, de valor a definir, para um projeto destinado a promover a limpeza da baía de Guanabara no menor prazo possível.
O secretário estadual do Meio
Ambiente do Rio, André Corrêa,
disse que já iniciou contatos para
a contratação de uma agência de
proteção ambiental dos Estados
Unidos para que ela calcule com
exatidão os prejuízos causados.
A Federação dos Pescadores do
Estado do Rio estimou em R$ 12,7
milhões os prejuízos dos pescadores de Magé. Os cálculos, diz o advogado da entidade, George Telles, se baseiam nas perdas materiais (barcos e redes danificados)
e no lucro cessante pelos próximos três anos -período que a
entidade estima que a pesca ficará
prejudicada na região.
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