São Paulo, sábado, 21 de fevereiro de 1998

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"Efeito TV' faz escolas de SP conseguir mais dinheiro e figuras carimbadas


MARTA AVANCINI
da Reportagem Loca


A TV está ditando as regras do Carnaval de São Paulo este ano.
Motivadas pelo sucesso da transmissão nacional do desfile no ano passado pela TV, que chegou a picos de audiência de 35 pontos (ou cerca de 2,8 milhões de TVs ligadas na Grande São Paulo), as escolas do grupo especial prometem levar hoje ao Sambódromo paulistano enredos que têm pouco a ver com a tradição do Carnaval, mas que facilitam a obtenção de patrocínio, e figuras que geralmente desfilavam no Rio.
Entre os enredos "inovadores" estão os da X-9 (campeã do ano passado), que vai falar do mundo country, e a Vai-Vai, que trata da imigração japonesa.
As duas escolas vêm com apoio financeiro de Beto Carrero e da comunidade japonesa, respectivamente.
"A escola que não agiu como empresa e não levantou dinheiro para fazer um desfile bem acabado tem menos chances", diz Augusto Oliveira, carnavalesco da X-9, campeã de 97.
O patrocínio é um ponto importante porque o custo dos desfiles beira o R$ 1 milhão.
"A TV é colorida, então temos de aproveitar isso para produzir um bom espetáculo plástico", diz Chico Spinosa, carnavalesco da Vai-Vai.
"A TV faz a gente ficar mais preocupado com detalhes, o que resulta em um desfile de melhor qualidade", diz Alexandre Costa, carnavalesco da Camisa Verde e Branco.
Famosos

Em toda a sua história, o Carnaval de São Paulo nunca foi vitrine de tantos famosos: a lista é extensa e vai da ex-sem-terra e apresentadora de TV Débora Rodrigues (X-9) à modelo Luísa Ambiel (Vai-Vai), passando pela dançarina Carla Perez (Mocidade Alegre), a modelo Monique Evans (Vai-Vai) e o ator-dramaturgo Miguel Falabella (Nenê da Vila Matilde).
Apesar das mudanças, os famosos tentam justificar sua presença no Carnaval paulistano afirmando que ele é mais puro que o carioca.
"São Paulo está chamando a atenção porque já faz parte do circuito nacional, com a vantagem de manter o verdadeiro espírito do Carnaval", diz Miguel Falabella.



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