|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
SAÚDE
Cirurgia, realizada em SP, é o 1º transplante do órgão entre adultos vivos não parentes na América Latina
Marido doa parte do fígado para mulher
da Reportagem Local
O Hospital Sírio Libanês (região
central de SP) realizou o primeiro
transplante de fígado em um adulto usando parte de um órgão de
um doador vivo não parente.
A experiência -inédita na América Latina- foi considerada um
sucesso porque os dois passam
bem desde novembro, quando a
cirurgia foi realizada.
A enfermeira Fátima Rocha Lopes, 31, corria riscos de vida porque seu fígado estava comprometido por uma hepatite crônica.
Como, apesar do grande risco,
não havia doador cadáver e ninguém da família se enquadrava
nos critérios médicos (o doador
não pode ser muito idoso nem estar doente), o marido de Fátima,
Roberto Lopes, se ofereceu para
ser o doador.
Foi a primeira vez que uma doação de um fígado entre pessoas vivas adultas é feita com sucesso.
Até agora só eram realizados
transplantes desse tipo em crianças. O problema é que, diferentemente do transplante do rim, o
risco para o doador é muito maior.
"O caso do rim é mais fácil porque uma pessoa tem dois rins. Você retira um inteiro e o outro fica.
Mas, como o fígado é uma coisa
só, o risco pode existir se o pedaço
retirado for grande demais, por
exemplo", diz o chefe da equipe de
transplantes de fígado do Hospital
das Clínicas, Silvano Raia.
No caso de transplante para
crianças, o doador adulto não chega a retirar 10% do seu fígado. Mas
os adultos precisam de muito
mais. "Retiramos a parte esquerda
do fígado de Ricardo, que corresponde a 40% do seu rim", afirma
Eduardo Carone, responsável pelo
transplante de Fátima, no Sírio.
O rim é mais fácil de ser doado
do ponto de vista do tamanho do
órgão. Mas, em relação à compatibilidade, o doador do fígado só
precisa ter o mesmo tipo sanguíneo do receptor.
Por isso, o marido de Fátima pôde doar parte de seu fígado para a
mulher. "Ela (Fátima) vivia no
hospital nos últimos seis meses até
que o quadro começou a piorar.
Os médicos pensaram na doação
feita com um doador vivo, mas
ninguém da família podia. Foi então que me ofereci", diz Roberto.
O marido de Fátima diz que,
uma semana após a cirurgia, voltou ao trabalho. "Estou tão bem
que recomendo que qualquer pessoa seja doador. Já voltei até a beber o meu uísque", diz.
Por causa desse sucesso, Roberto afirma que vai começar uma
campanha para ajudar todos os
candidatos a doador.
"Quero reunir os doadores e fazer uma associação." E acrescenta:
"Também vou receber a visita de
qualquer um que queira tirar dúvidas".
O Sírio Libanês já está analisando um segundo paciente, que também poderá sofrer um transplante
de fígado desse tipo.
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
|