São Paulo, sábado, 21 de fevereiro de 1998

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Primeiro caso em criança foi em 1988

da Reportagem Local

O primeiro caso de transplante de fígado entre pessoas vivas feito no Brasil ocorreu em 1988. Entretanto essa técnica só foi utilizada em crianças.
Em adultos, o transplante do fígado só era feito com doadores cadáveres. Os órgãos chegam aos receptores seguindo uma fila única do por tempo de espera.
No caso de crianças, no entanto, já houve cerca de 20 transplantes com doadores vivos em São Paulo desde 1988. O primeiro caso foi documentado pela equipe do Hospital das Clínicas.
"Em 1988, publicamos a experiência. Nós fomos os primeiros no mundo a desenvolver essa técnica", afirma o chefe da equipe de transplante de fígado do Hospital das Clínicas, Silvano Raia.
Mas a equipe de Raia apenas usou a técnica em crianças. "Acho que essa cirurgia em adultos deve ser comemorada. Foi um grande avanço e pode servir para outros casos". Raia, no entanto, não tem planos imediatos de fazer uma cirurgia semelhante.
"Só tem sentido fazer uma cirurgia dessas em casos extremos, como o dessa menina (Fátima). Alguém que corre risco de vida e que não tem um doador cadáver disponível. Caso contrário, isso não deve ser feito."
Eduardo Carone, do Sírio Libanês, concorda. "Temos que estimular as doações de cadáver, porque esses transplantes são muito mais simples."
A diferença entre receptores adultos e crianças é que um doador vivo pode doar parte de seu fígado para uma criança sem maiores riscos para ele mesmo porque a criança não precisa de uma parte grande do órgão.
Em adultos, o risco aumenta. Apesar do poder de regeneração do fígado, uma doação só pode ser feita quando é possível retirar material suficiente para as necessidades do receptor. Mas a quantidade retirada também não pode ser muito grande por causa do doador.
Segundo Carone, a técnica utilizada pelo hospital se constitui em optar pela retirada da metade esquerda do fígado do doador. Essa metade corresponde, em média, por 40% do total do órgão. "Em tese, poderíamos retirar até 60% do órgão, mas, por segurança, estamos indo com calma." (LM)


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