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Para professores, alunos e funcionários, se houver reorientação de gastos, governo paulista pode aumentar repasse
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Dinheiro para universidade vem do ICMS
DA REPORTAGEM LOCAL
As universidades públicas em
São Paulo são mantidas com o repasse de 9,57% da cota-parte do
Tesouro estadual do ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços).
A cota-parte do Estado equivale
a 75% da arrecadação. Os 25%
restantes são distribuídos entre os
municípios. Neste ano, a cota prevista é de R$ 19,581 bilhões.
A USP fica com 5,0295%. A Unicamp recebe 2,1958%; e a Unesp
fica com 2,3447%.
Serão R$ 1,024 bilhão para a
USP, R$ 469 milhões para a Unicamp e R$ 477 milhões para a
Unesp. Há pequenas diferenças
entre a porcentagem e o valor absoluto devido a ajustes contábeis
feitos de um ano para outro.
Esse dinheiro tem que cobrir os
pagamentos de salários e das aposentadorias, dívidas, manutenção
das instalações, compras e investimentos.
Não há uma separação específica para a pesquisa porque, segundo os reitores das universidades, o
gasto com salários e custeio cobre
também a pesquisa.
"Os professores são também
pesquisadores, assim como os
alunos da pós-graduação. Além
disso, equipamentos, como computadores ou microscópios, e materiais, como papel ou reagentes
químicos, são comprados pela
verba de custeio", disse o presidente do conselho de reitores, Jacques Marcovitch, reitor da USP.
Mas há mais verba para pesquisa porque as universidades e seus
pesquisadores podem captar dinheiro na iniciativa privada, por
meio das fundações, e na agências
estatais de fomento.
USP, Unesp e Unicamp recebem mais de R$ 200 milhões
anuais e são responsáveis por metade de toda a pesquisa desenvolvida no país.
Na atual crise, alunos, professores e funcionários voltaram a falar
em uma reivindicação antiga: ampliar a fatia das universidades de
9,57% para 11,6%. É quase outra
Unicamp.
"A universidade já gasta demais. É inaceitável aumentar a
parte do ensino superior em um
Estado como São Paulo, onde faltam também saúde e educação
básica, e a segurança é abaixo da
crítica", disse o professor Roy
Martelanc, da Faculdade de Economia e Administração da USP.
A receita líquida do Estado é
composta com os 75% do ICMS e
ainda a arrecadação do IPVA
(Imposto sobre Propriedade de
Veículos Automotores) e transferências federais, como SUS, Imposto de Renda, compensação da
Lei Kandir.
O pagamento das dívidas, o gasto com a administração e o repasse ao Legislativo e Judiciário estaduais disputam a divisão do dinheiro com universidades, saúde,
ensino básico, segurança, transporte, meio ambiente, desenvolvimento social, cultura, recursos
hídricos, esportes e turismo.
"Essa história de que vai tirar da
saúde e segurança é manobra para jogar a sociedade contra a universidade. Há gastos na burocracia e dívida externa que podem
ser reduzidos", disse Alexandro
Nohara, diretor do DCE (Diretório Central dos Estudantes).
Neste ano, a receita líquida prevista é de R$ 29,7 bilhões. O governador Mário Covas (PSDB) reservou para o pagamento das dívidas externa e interna do Estado
o equivalente a R$ 3,58 bilhões
(três USPs). A administração penitenciária, por exemplo, vai receber R$ 378 milhões, e a saúde, R$
2,6 bilhões.
(ESTANISLAU MARIA)
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