São Paulo, quarta-feira, 21 de junho de 2000


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Ministério constesta metodologia

DA REPORTAGEM LOCAL

Em nota divulgada no começo da noite de ontem, o Ministério da Saúde contestou a metodologia aplicada no levantamento da OMS.
Segundo o ministério, a organização não fez uma pesquisa de massa sobre a satisfação dos usuários e ouviu "apenas 33 pessoas, entre acadêmicos e gente ligada ao governo (que certamente não usam o sistema público)".
"Pesquisa do Ibope/CNI divulgada na semana passada e realizada em todo o Brasil, entre usuários do SUS, mostrou que 88% deles disseram estar satisfeitos com o atendimento", afirmou o ministro José Serra.
A nota técnica afirma ainda que a organização usou dados de 1996 de mortalidade infantil e de uma amostra limitada do IBGE. Não usou dados do PNAD (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios), mais atualizada e com melhores indicadores.
Segundo a nota, outro dado problemático é o da equidade no financiamento da saúde. Diz a nota que esta questão está ligada à distribuição de renda e que "é evidente que os pobres gastam proporcionalmente mais do que os ricos nesse item".
A ministério afirma que os dados da OMS estão exagerados e aponta uma pesquisa do IPEA (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) que mostra serem os mais pobres os que mais usam os serviços públicos.
Cita como exemplo São Paulo, onde os 41% mais pobres usam 61% dos serviços públicos.
A nota afirma que há distorção na pesquisa e aponta a melhor colocação de países como Colômbia e Djibuti sobre Cuba, "um dos países mais igualitários do mundo", e Canadá, "melhor IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) do mundo".
"Os motivos principais da colocação ruim no contexto mundial estão fora do setor de saúde", afirmou o ministro.
Na opinião dele, há três elementos para justificar tal posição: "a desigualdade de distribuição de renda no país, a semiparalisação dos investimentos em saneamento e a insuficiência dos orçamentos de saúde. Quanto maior a desigualdade e menos água tratada e esgoto adequado houver, maior tem que ser o gasto público."



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