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FOGO
Quatro homens já foram atacados e queimados nos últimos três meses
Garotos tentam queimar
mendigo no Grande Rio
RONI LIMA
da Sucursal do Rio
Três garotos vendedores de bala
tentaram ontem incendiar um
mendigo no município de Itaguaí,
no Rio de Janeiro.
Segundo uma testemunha, que
chamou a polícia, três meninos (de
10, 13 e 14 anos) acenderam uma
vela e pretendiam atear fogo no
papelão sobre o qual dormia o
mendigo Paulo Francisco de Souza, 48, no centro de Itaguaí.
O mendigo se mexeu e os garotos
se assustaram e correram. Presos,
disseram que queriam "zoar"
com ele. Foram libertados sob o
compromisso dos pais de que
compareceriam para uma audiência no Juizado da Infância e da Juventude.
Anteontem, um mendigo foi
queimado na Cinelândia, no centro do Rio, enquanto dormia. O
menino de rua A., 15, disse ter
ateado fogo acidentalmente no
mendigo, identificado como Jorge
Paulo.
A diretora da DPCA (Divisão de
Proteção à Criança e ao Adolescente), Márcia Julião, que ontem
ouviu o depoimento de A., se mostrou assustada ao saber do caso de
Itaguaí, pois teme uma onda de
ataques a mendigos.
Ela disse ter evitado perguntar a
A. se já tinha ouvido falar do caso
do índio pataxó que, em abril, foi
queimado vivo por adolescentes
de Brasília.
Desde março, já houve o registro
de quatro homens atacados e queimados em ruas do Grande Rio
-três deles mendigos.
Atacado na Cinelândia, Jorge
Paulo teve 70% do corpo queimado e está internado em estado grave. Ao ser preso em uma rua do
centro, A. confessou o crime. Depois, já na DPCA, voltou atrás.
Mas, após conversar por duas horas com a diretora da DPCA, A.
voltou a confessar o crime.
A. disse que comprou 20 bombinhas juninas e saiu "dando sustos". Teriam sobrado cinco e, na
madrugada de anteontem, amarrou-as e as jogou no mendigo.
Segundo ele, uma das bombinhas falhou, formando uma chama com a queima da pólvora. O
fogo teria então atingido jornais e
papelões sobre os quais o mendigo
dormia. O garoto disse que Jorge
Paulo, bêbado, não acordou.
A. disse que tentou apagar o fogo, mas não conseguiu. Depois, teria chamado dois garçons de um
restaurante próximo para ajudar.
Os garçons disseram que não foram chamados nem o viram.
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