São Paulo, sábado, 21 de junho de 1997.



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FOGO
Quatro homens já foram atacados e queimados nos últimos três meses
Garotos tentam queimar mendigo no Grande Rio

RONI LIMA
da Sucursal do Rio

Três garotos vendedores de bala tentaram ontem incendiar um mendigo no município de Itaguaí, no Rio de Janeiro.
Segundo uma testemunha, que chamou a polícia, três meninos (de 10, 13 e 14 anos) acenderam uma vela e pretendiam atear fogo no papelão sobre o qual dormia o mendigo Paulo Francisco de Souza, 48, no centro de Itaguaí.
O mendigo se mexeu e os garotos se assustaram e correram. Presos, disseram que queriam "zoar" com ele. Foram libertados sob o compromisso dos pais de que compareceriam para uma audiência no Juizado da Infância e da Juventude.
Anteontem, um mendigo foi queimado na Cinelândia, no centro do Rio, enquanto dormia. O menino de rua A., 15, disse ter ateado fogo acidentalmente no mendigo, identificado como Jorge Paulo.
A diretora da DPCA (Divisão de Proteção à Criança e ao Adolescente), Márcia Julião, que ontem ouviu o depoimento de A., se mostrou assustada ao saber do caso de Itaguaí, pois teme uma onda de ataques a mendigos.
Ela disse ter evitado perguntar a A. se já tinha ouvido falar do caso do índio pataxó que, em abril, foi queimado vivo por adolescentes de Brasília.
Desde março, já houve o registro de quatro homens atacados e queimados em ruas do Grande Rio -três deles mendigos.
Atacado na Cinelândia, Jorge Paulo teve 70% do corpo queimado e está internado em estado grave. Ao ser preso em uma rua do centro, A. confessou o crime. Depois, já na DPCA, voltou atrás. Mas, após conversar por duas horas com a diretora da DPCA, A. voltou a confessar o crime.
A. disse que comprou 20 bombinhas juninas e saiu "dando sustos". Teriam sobrado cinco e, na madrugada de anteontem, amarrou-as e as jogou no mendigo.
Segundo ele, uma das bombinhas falhou, formando uma chama com a queima da pólvora. O fogo teria então atingido jornais e papelões sobre os quais o mendigo dormia. O garoto disse que Jorge Paulo, bêbado, não acordou.
A. disse que tentou apagar o fogo, mas não conseguiu. Depois, teria chamado dois garçons de um restaurante próximo para ajudar. Os garçons disseram que não foram chamados nem o viram.



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