São Paulo, sábado, 21 de junho de 1997.



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POLÍCIA
Disputa entre grupos rivais dos dois países asiáticos seria responsável por tiroteio em restaurante de São Paulo
Máfia chinesa pode ter matado coreanos

OTÁVIO CABRAL
da Reportagem Local

DIANA ALTERATS
do NP

Uma máfia chinesa pode estar envolvida no tiroteio que resultou em duas mortes no restaurante coreano Eve, no Cambuci (região central de São Paulo), na madrugada de anteontem.
Além dos dois mortos, cinco pessoas ficaram feridas. Inicialmente, a polícia creditou o crime a uma disputa entre dois grupos rivais de sul-coreanos.
A hipótese da participação da máfia chinesa foi levantada ontem pela família de um dos coreanos baleados.
A Folha apurou que a Polícia Federal também recebeu informações sobre a chegada de supostos criminosos chineses a São Paulo e estaria investigando a participação deles no crime de anteontem.
Mafiosos chineses que moravam em Seul (capital da Coréia do Sul) teriam chegado a São Paulo há três meses e passado a disputar território com os mafiosos coreanos.
Na sexta-feira da semana passada, a máfia chinesa teria invadido um karaokê de coreanos na Consolação (região central), pois os donos não teriam pago propina. Três comerciantes sul-coreanos foram espancados. Então, os mafiosos da Coréia resolveram se armar e enfrentar os chineses.
"Os coreanos são como uma família: os mais velhos cuidam dos jovens como se fossem seus filhos, dando casa e comida. Em troca, eles recebem a proteção dos moços", explicou.
Na madrugada de anteontem, houve o conflito entre as duas supostas máfias, no restaurante Eve. Todas as vítimas da troca de tiros seriam do grupo coreano. Os chineses teriam conseguido fugir sem ser atingidos.
Um sul-coreano que se identificou como Paulo, dono de uma agência de turismo e câmbio no Bom Retiro, afirmou que a comunidade está preocupada com a disputa entre as duas máfias.
"Essa guerra não vai acabar tão cedo, pois os coreanos vão vingar a morte de seus conterrâneos."
A polícia não havia identificado até a noite de ontem o segundo coreano morto no tiroteio do restaurante Eve. A outra pessoa morta no tiroteio foi o coreano Jung Ill, 29, que tinha o corpo inteiro coberto por tatuagens, inclusive os órgãos genitais.
Quatro coreanos feridos no tiroteio continuavam internados até a noite de ontem no Hospital do Servidor Público Municipal. Dois coreanos continuam presos no 6º DP (Cambuci). Todos os presos e feridos serão levados à Polícia Federal para terem suas identidades confirmadas. "Todos eles devem ter dado nomes falsos", disse o delegado Antonio Carlos Mesquita.



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