São Paulo, domingo, 21 de junho de 1998

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Falta de lazer também leva à violência

da Reportagem Local

Além do desemprego e da baixa escolaridade, há uma série de outros fatores que contribuem para a maior incidência de violência na sociedade, concordam os especialistas da área.
"Essa equação (desemprego + baixa escolaridade = violência) é verdadeira. Mas o problema é que, além disso, não há políticas públicas, não há espaço, não há lazer, não há nada para esses jovens", afirma Maria Virgínia de Freitas, coordenadora da área de Juventude da Ação Educativa.
"As relações que o homicídio tem com suas causas é mais complexa. Envolve desemprego, mas também subemprego, lazer, drogas, tráfico, política social, padrões éticos, auto-estima, acesso a armas", afirma Marcos Drumond, do Programa de Aprimoramento de Informações de Mortalidade de São Paulo.
Felícia Madeira, diretora de análise socioeconômica do Seade, aponta, por exemplo, o acesso cada vez mais fácil às drogas como fator importante para o aumento da violência e criminalidade.
"A popularização das drogas -o crack, que virou uma droga barata. Se não tivesse isso, talvez a situação fosse diferente", diz Felícia. "Os jovens estão encontrando dificuldade no mercado de trabalho e facilidade no mercado da transgressão", acrescenta.
"A alternativa de um jovem ao tráfico é virar pedreiro ou office-boy, o que vai dar a ele um salário miserável", afirma Drumond.
"O que existe é uma enorme falta de perspectiva para esses jovens", diz Maria Virgínia. "Mesmo quando há escolaridade, até que ponto a escola está conseguindo criar referenciais éticos nos alunos?", pergunta.
Para ela, o risco de associar diretamente juventude, desemprego e violência é estigmatizar ainda mais os jovens. "O que me preocupa é o pânico em relação ao jovem, ou seja, que ele apareça como perigoso", afirma. (GD e FR)


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