da Reportagem Local

O Brasil tem 1 milhão de analfabetos na faixa etária de 15 a 19 anos. É uma população que hoje, diante das transformações no mercado de trabalho, dificilmente conseguirá qualquer emprego.
Pela legislação educacional brasileira, aos 15 anos a pessoa já deveria ter concluído pelo menos oito anos de estudo. Mas, na realidade, apenas uma em cada cinco (18%) consegue isso, segundo os dados do IBGE relativos a 1995.
Para complicar ainda mais a situação, o país tem hoje a maior população de jovens nessa faixa etária de sua história. É o que em demografia se denomina "onda" ou "bolha", ou seja, em determinados momentos da história nasce muita gente em pouco tempo e esse grupo vai provocando problemas para as políticas públicas à medida que envelhece.
A "onda" está agora chegando ao ensino médio (o secundário), que está em condições precárias para absorver o crescimento médio de 10% na demanda ao ano -provocada também por uma melhoria no ensino fundamental (1º grau).
"Hoje o mercado de trabalho tem um processo seletivo muito acentuado", afirma Felícia Madeira, da Fundação Seade. "Quem não tem educação fica em situação de risco. Até as ocupações mais simples, como a construção civil, estão exigindo escolaridade."
"As ocupações que eram portas de entrada dos primeiros empregos dos jovens acabam sendo atualmente objetos de disputa de adultos com maior escolaridade e qualificação", afirma o estudo inédito de Márcio Pochmann.
O resultado disso é paradoxal. Diante da ameaça do desemprego, os jovens estão buscando mais as escolas e permanecendo nelas por mais tempo. (GILBERTO DIMENSTEIN e FERNANDO ROSSETTI)


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