São Paulo, domingo, 21 de julho de 2002

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Investigação inclui até disfarce

DA REPORTAGEM LOCAL

""Uma foto bem que ajudaria. Acontece de o procurado atender a porta dizendo que não é ele", diz o policial da Divisão de Capturas, que não quer ser identificado porque costuma trabalhar disfarçado. Em seis anos na unidade, Pedro (nome fictício) calcula ter prendido cerca de 500 pessoas.
O investigador e seu parceiro guiam a Folha até uma cidade da Grande São Paulo onde estaria escondido um estelionatário. Carregam nas mãos a ordem de prisão, a denúncia recebida e o resultado da pesquisa sobre o endereço dele que haviam feito na internet.
Não deu para pegar a foto dele no IIRGD nem daria para localizar sua fotografia na delegacia que o prendeu, em uma cidade do interior. O jeito é procurá-lo pelo nome, no bairro, sem despertar muito a curiosidade dos vizinhos.
O investigador diz que, com a experiência, dá para perceber quando o fugitivo mente. Em caso de suspeita, pedem documentos e checam pelo rádio. É difícil descobrir a verdade se ele tem um documento bem falsificado.
Mas, primeiro, antes de pensar em outros complicadores, é preciso descobrir onde ele mora.
São quase 50 minutos de carro até a cidade onde ele se esconde, provavelmente desde que ficou sabendo da sentença, em 2000.
A equipe gasta mais 20 minutos para descobrir que a rua indicada na denúncia está com o nome misturado ao de outra. É um bairro de periferia. Pobre. A casa fica em local difícil para montar um posto de observação.
Falta verificar ainda se o número da casa que consta da denúncia anônima está certo. Para complicar, a numeração da rua é irregular, pula dezenas da sequência.
Por volta das 6h30, as ruas estão quase vazias. Os cachorros revelam a passagem do carro policial pelo bairro e a do investigador que segue a pé.
O veículo é parado distante dali. Um dos investigadores conversa com vizinhos que saem para o trabalho. Descobre que o número da casa que consta da denúncia está errado, invertido. O estelionatário mora ali perto, mas saiu bem cedo para viajar.
Não há mais o que fazer, diz o policial, a não ser esperar um outro dia mais favorável. Até lá, a equipe virá mais vezes, até disfarçada de vendedores. São várias as técnicas que a unidade usa para confirmar que a pessoa está em casa e qual a melhor hora de abordá-la com o mandado. (AS)


Texto Anterior: Segurança: Sem estrutura, polícia paulista caça 70 mil
Próximo Texto: Promotoria quer foto obrigatória
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.