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EDUCAÇÃO
Estimativa do MEC mostra que no governo FHC aumentou participação das pagas no total de matrículas
Ensino superior cresce mais nas particulares
BETINA BERNARDES
da Sucursal de Brasília
Durante o governo Fernando
Henrique Cardoso, a oferta de vagas nas faculdades cresceu, mas
especialmente no setor privado.
Projeções do Ministério da Educação apontam que, em 98, há 424
mil matriculados a mais no ensino
superior em comparação a 94 e
que essa expansão se deu, sobretudo, na área privada.
Quatro anos atrás, o país tinha
1,6 milhão de alunos em faculdades, sendo que 970,5 mil (58,4%)
estavam em particulares. Agora, o
MEC estima que existam 2,085 milhões de universitários no país
-60,7% no ensino privado.
No último ano do governo Itamar Franco, estavam matriculados em instituições federais de ensino superior 363,5 mil estudantes. Em instituições estaduais e
municipais, 327 mil. Quatro anos
depois, as federais contam com
apenas 62 mil alunos a mais e as
outras públicas, com 65,5 mil.
As privadas têm este ano 296 mil
estudantes a mais em relação a 94.
Segundo o ministro Paulo Renato Souza (Educação), o sistema federal de ensino superior teria condições de absorver os novos estudantes. Ele se baseia na relação de
oito alunos por professor, que
existe hoje nas federais, para defender essa tese.
Para o ministro, essa relação é
muito baixa em comparação com
países desenvolvidos, onde seria
de 16 alunos por professor.
"Temos hoje 426 mil matriculados nas federais. Com o mesmo
número de professores, poderíamos ter o dobro de alunos, se tivéssemos uma relação como a do
Primeiro Mundo."
Segundo Paulo Renato, há quatro anos o Brasil possuía um dos
menores índices de cobertura universitária em relação à população
de 20 a 24 anos, em comparação
com os demais países latino-americanos. Pelos dados mais atualizados, de 96, estavam na graduação 10,7% dos jovens de 20 a 24
anos do país.
"Não faltavam vagas, mas alunos que estivessem concluindo o
ensino médio. Tivemos uma expansão no ensino médio de cerca
de 40% nos últimos quatro anos."
Ontem, o presidente Fernando
Henrique Cardoso disse que o ensino universitário público será
mantido. Mas, faltando meses para o final de seu mandato, cobrou
das universidades a ampliação do
número de vagas oferecidas.
"Um país democrático tem de
oferecer a universidade pública,
mas é preciso que as universidades
também cumpram o papel delas e
ampliem as vagas, porque a proporção aluno/professor no Brasil é
extremamente baixa", disse FHC.
As declarações foram feitas na
abertura da 1ª Reunião de Ministros de Educação do Conselho Interamericano de Desenvolvimento Integral da OEA (Organização
dos Estados Americanos). Na reunião estavam os ministros de Educação dos países-membros da
OEA e embaixadores estrangeiros.
Na opinião de FHC, se as universidades públicas não ampliarem o
número de vagas, a população
acabará tendo de "pagar caro"
nas universidades privadas.
"A expansão do setor universitário vai recair, basicamente, sobre a escola privada, que é cara e
que, infelizmente para nós, é frequentada pelos mais pobres, não
pelos mais ricos", disse ele.
FHC disse que a ampliação de
vagas "precisa ser reorientada de
tal maneira que a universidade
pública seja mais democrática". A
afirmação em defesa da democracia foi feita poucos dias depois de
os estudantes da Federal do Rio se
revoltarem contra a decisão do governo de escolher como reitor José
Henrique Vilhena, segundo colocado nas eleições internas, em vez
de Aluísio Teixeira, o mais votado.
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