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CANDELÁRIA PAULISTA
Prefeitura afirma que não há demanda para a criação de novas vagas voltadas a moradores de rua
Albergues têm 7.500 vagas para 10 mil
FERNANDA MENA
DA REPORTAGEM LOCAL
Mais da metade do total de moradores de rua de São Paulo utiliza o serviço de albergues da prefeitura da cidade. O restante continua a dormir na mesma situação
em que foram vítimas os moradores atacados na noite de anteontem no centro da cidade: calçadas,
praças e viadutos.
Dados da própria Prefeitura de
São Paulo apontam que o serviço
de albergues não tem capacidade
para atender a todos os moradores de rua de São Paulo. Em 2003,
segundo dados da Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas), haviam 10.394 pessoas vivendo nas ruas da cidade.
Desses, 6.186 eram albergados
-que freqüentemente usam esse
tipo de serviço- e 4.208 dormiam nas ruas da cidade. Segundo a secretária municipal de Assistência Social, Aldaíza Sposati,
cerca de 2.500 moradores de rua
ficam na região central.
Hoje, o número de vagas em albergues subiu para 7.500 e a ociosidade é quase nula. A cada noite,
ainda segundo a prefeitura, cerca
de 15 leitos ficam vagos.
A prefeitura, porém, nega que
essa população fique na rua por
falta de opção. Garante que todos
os albergues possuem leitos
emergenciais e que só não aumenta o número de vagas, porque
não há demanda para isso.
Regras rígidas
Uma das justificativas para a resistência desses moradores é que
os albergues não admitem o uso
de drogas ou de bebidas, separam
homens e mulheres em locais distintos e apenas um deles, na Barra
Funda, possui espaço para que os
moradores estacionem suas carroças e deixem seus cachorros.
Em todos as unidades há água
quente para banho e local para a
lavagem de roupas.
A rede da prefeitura conta hoje
com 35 albergues -dos quais 17
possuem atividades durante o
dia-, sete casas de convívio (que
funcionam durante o dia) e 12
moradias provisórias.
"Após seis meses de uso dos albergues, eles vão para esses locais
[moradias provisórias], e a prefeitura paga seus aluguéis por um
ano enquanto eles retomam trabalho. É a porta de saída para autonomia desse morador", explica
Ana Maria Evangelista, da coordenação do Acolhe, o programa
para moradores de rua da prefeitura.
"Existe o mito de que as pessoas
em situação de rua não querem ir
para os albergues, mas já percebemos que essa situação mudou e
hoje há mais moradores procurando o serviço", afirma.
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