|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
SAÚDE
Cerca de 50 servidores aproveitaram inauguração de pronto-socorro para fazer reivindicações salariais
Covas é vaiado por funcionários do HC
PRISCILA LAMBERT
da Reportagem Local
Cerca de 50 funcionários do
Hospital das Clínicas (HC) de São
Paulo cercaram ontem o governador Mário Covas na porta do Instituto da Criança para fazer reivindicações salariais. O governador discutiu com eles por cerca de
20 minutos e negou os pedidos.
Os manifestantes quiseram entregar um documento com as reivindicações para que Covas estudasse e marcasse audiência com
os representantes da Associação
dos Servidores do HC. "Não precisa marcar nada, respondo agora
mesmo", disse Covas.
Os funcionários reivindicam
um reajuste baseado no IGP-M
(Índice Geral de Preços do Mercado), da Fundação Getúlio Vargas,
retroativo aos últimos cinco anos.
"Não temos aumento desde
94", disse Nilson Valério Primo,
presidente da Associação dos Servidores do HC.
Resposta de Covas, seguida de
vaias: "Ninguém aqui do HC ganha menos de R$ 1.000".
O governador se referia às gratificações e ao complemento salarial que os funcionários recebem
da Fundação Faculdade de Medicina da USP.
Mas o governador voltou atrás
na tarde de ontem, quando analisou a folha de pagamento dos
funcionários e percebeu que estava equivocado. Todos os funcionários que não têm nível superior
ganham menos de R$ 1.000.
De acordo com o governador,
contando com as gratificações e
com o prêmio incentivo -pagamento oferecido de acordo com a
produtividade do funcionário-,
os servidores tiveram aumento de
71% a 124% nos salários, dependendo do nível em que o profissional se enquadra.
"Gratificação não é salário",
afirmou a auxiliar técnica de saúde Alaíde Padilha, há 16 anos no
HC. Alaíde diz que tem um salário-base de R$ 91 há cinco anos.
Com as gratificações mensais, seu
salário chega a R$ 345. Somando
ainda a complementação da fundação, recebe, no total, R$ 695.
"Se vocês quiserem aumento,
então retiro as gratificações", respondeu Covas. "Tenho muitas
contas a pagar. O Estado gasta R$
1,2 bilhão por mês em salários."
Os servidores reivindicaram
também a entrega de tíquetes-refeição referentes ao mês de julho,
quando a empresa Fratello, responsável pelos tíquetes, faliu.
Em agosto, os funcionários receberam um talão de tíquetes da
empresa que venceu a nova licitação, mas o talão referente ao mês
anterior não foi entregue. "Esse
foi um problema burocrático porque a empresa faliu", respondeu
Covas.
Jornada de trabalho
Covas negou também o pedido
de redução da jornada de trabalho dos servidores da área-meio
(trabalhadores da manutenção,
porteiros, agentes administrativos etc.) de 40 horas para 30 horas
semanais, e a abertura de concurso público para preencher 3.638
vagas no Hospital das Clínicas.
"Em 98, eu aprovei a abertura
de 800 vagas. Só foram abertas
600 porque o processo foi interrompido com as eleições. Só serão
abertas as 200 vagas que faltam",
disse Covas.
Entre uma série de queixas e solicitações, uma funcionária reclamou diretamente com o governador sobre a dificuldade de conseguir remédios na rede pública.
"Ganho R$ 348 para sustentar
uma filha. Não tenho condições
de comprar remédios." Covas
chamou seus assessores para resolver o problema da funcionária.
Instituto da Criança
O encontro de Covas com os
servidores ocorreu após a cerimônia de inauguração do novo pronto-socorro do Instituto da Criança do HC. A reforma, planejada
desde 94 e orçada em R$ 10,8 milhões, foi possível parcialmente
porque o governo estadual havia
liberado apenas R$ 3,6 milhões.
Ontem, o governador afirmou
que vai liberar mais R$ 5,6 milhões para a conclusão das obras.
O novo pronto-socorro fica em
um andar de um prédio anexo de
quatro andares, para onde serão
transferidos, após o fim das obras,
outros serviços do Instituto da
Criança.
Texto Anterior: Sistema prisional: Casa de Detenção de SP ganha reforço no atendimento médico Próximo Texto: Droga pode reduzir risco de câncer Índice
|