DA REPORTAGEM LOCAL

Embora discorde do programa de troca de seringas, o bispo de Jundiaí (SP), dom Amaury Castanho, o considera "um mal menor" do que a distribuição de preservativos à população.
Para ele, o uso da camisinha envolve "problemas éticos mais profundos" porque "é uma agressão à natureza e favorece as experiências sexuais antes do matrimônio", práticas proibidas pela Igreja Católica.
"Apesar dos milhões de dólares investidos na compra de preservativos, a Aids continua se alastrando. Isso prova que o caminho não é por aí", declarou.
Em relação ao programa de troca de seringas, o bispo afirma que as experiências em outros países mostraram que a iniciativa não reduz o consumo de drogas.
Especialistas que defendem o programa alegam que o objetivo da troca não é a abstinência, mas sim a saúde do dependente.
Para o bispo de Jundiaí, os usuários de drogas precisam de "sentido na vida, educação, valores e de dignidade".
Dom Amaury afirmou que, apesar de não aprovar o programa, por considerá-lo "liberalizante", considera que, em situações em que não há outra maneira de tratar o viciado, a troca de seringas pode ser uma alternativa para evitar a transmissão da Aids.

Aprovação
O delegado Alberto Angerami, diretor da Divisão de Prevenção e Educação do Denarc (Departamento de Investigações sobre Narcóticos), considera "louvável" o programa de troca de seringas.
Segundo ele, embora existam pesquisas da Prefeitura de São Paulo que mostram aumento de usuários de drogas injetáveis na capital, a Polícia Civil não registrou nenhuma prisão em flagrante de pessoas com esse perfil neste ano em São Paulo.
Para Angerami, por conta do preço da droga e do risco de contrair HIV, muitos usuários trocaram cocaína por crack, o que, consequentemente, provoca redução no uso de seringa.
(CC e AB)


Texto Anterior: Aids: SP lança programa de doação de seringas
Próximo Texto: Redução teve início em 1926
Índice