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LEGISLATIVO
Medida pode beneficiar outros estabelecimentos, dizem assessores da Secretaria do Abastecimento
Técnicos vetam projeto para templos
JOÃO CARLOS SILVA
DA REPORTAGEM LOCAL
Se depender de recomendação
técnica, a prefeita Marta Suplicy
(PT) terá de vetar o projeto aprovado na terça-feira na Câmara
que ameniza as regras do Psiu
(Programa de Silêncio Urbano)
para templos evangélicos.
Essa é a recomendação já dada
por técnicos da Secretaria de
Abastecimento, responsável pela
fiscalizações, ao secretário Jilmar
Tatto. Segundo a Folha apurou,
eles são contrários à sanção da
proposta, e Tatto não deve assumir posição diferente.
A posição envolve, principalmente, uma preocupação jurídica. Os técnicos vêem o risco de a
mudança abrir uma brecha e ser
estendida para outros estabelecimentos, como restaurantes.
Esse risco foi apontado por advogados constitucionalistas ouvidos pela Folha. Sindicatos e associações de bares e restaurantes já
declararam que vão à Justiça reivindicar os benefícios.
O projeto, aprovado devido a
um acordo político fechado entre
o vereador Carlos Apolinário
(PGT), autor da proposta, e a administração, prevê redução no valor das multas para os templos
evangélicos de R$ 16 mil para valores entre R$ 500 e R$ 8.000.
A proposta prevê ainda que a
medição, para detectar se determinado templo emite barulho
acima do permitido, passe a ser
feita da casa do denunciante, não
no lugar denunciado.
Procurado ontem, o secretário
Tatto não quis falar sobre o assunto. "Se a prefeita consultar minha
secretaria sobre o projeto, vou
opinar a respeito", disse.
A Folha apurou, no entanto,
que Marta já foi avisada da posição da secretaria. Anteontem, a
assessoria de imprensa da prefeitura informou que ela usará o
prazo de 15 dias úteis que tem,
após receber o projeto aprovado
na Câmara, para analisar se vetará
ou sancionará a mudança.
O risco de o projeto ser vetado,
pelo menos parcialmente, já existia também devido a erros no artigo 3º, que trata da fixação de multas a que os templos passariam a
receber. Há sobreposição de valores de multas, pois o projeto repete números que tratam da capacidade de pessoas nos templos, base
para fixação da pena.
Com o problema, a questão terá
de ser definida em nova votação
no Legislativo, e Marta terá, provavelmente, que vetar o artigo do
projeto já aprovado.
Segundo o líder do governo na
Câmara, José Mentor (PT), o
compromisso da administração
era aprovar o substitutivo, mas
não há decisão sobre a forma de
resolver o erro técnico.
Agora, cresce na bancada petista, inclusive entre vereadores que
votaram favoravelmente à proposta, a opinião de que Marta deve vetar todo o projeto para que
um novo seja votado na Câmara.
"É melhor fazer tudo de novo",
disse Ítalo Cardoso. Para Arselino
Tatto, o compromisso do governo
acabou na votação de anteontem.
"Deve-se começar do zero", disse.
"Não admito que esse erro técnico seja usado para defender o
veto ao projeto. Quem fizer isso,
não tem caráter", disse Apolinário. Para ele, Marta tem de aprovar a proposta sem vetos para que
um novo projeto, alterando apenas o texto do artigo que prevê as
multas, seja votado pela Câmara.
Colaborou Gilmar Penteado, da Reportagem Local
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