São Paulo, segunda-feira, 21 de setembro de 2009

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Colombianos são punidos por lavagem de dinheiro

Dois aviões em poder dos traficantes foram confiscados pela Justiça

Juiz condena três traficantes colombianos e um brasileiro por esquema no Brasil; para a polícia, grupo queria enviar cocaína para Europa e EUA

RUBENS VALENTE
DA REPORTAGEM LOCAL

A Justiça Federal de São Paulo condenou à prisão três colombianos por lavagem de dinheiro do narcotráfico e confiscou dois aviões turbo-hélices, que passam a ser patrimônio da Secretaria de Justiça e Segurança Pública do governo do Mato Grosso do Sul.
A decisão foi tomada na última quinta-feira pelo juiz da 6ª Vara Federal Criminal de São Paulo, Fausto De Sanctis. Os réus estão presos desde março, quando foi deflagrada a Operação Aquário, força-tarefa da Polícia Federal e da Procuradoria da República em São Paulo.
Foram condenados os colombianos Jorge Enrique Rincon Ordoñez (onze anos de reclusão), Javier Hernando Mantilla (nove anos e sete meses) e Willian Encizo Suarez (quatro anos e nove meses) e o brasileiro Carlos José Luna dos Santos (sete anos). Na mesma decisão, o juiz absolveu, por falta de provas, três denunciados pelo Ministério Público Federal.
No processo, há cópias de mandado de prisão da Corte Distrital de Miami (EUA) e pedido de extradição formulado pelos Estados Unidos à Colômbia contra Ordoñez, apontado pela Polícia Federal como o líder do grupo preso no Brasil.
Ordoñez, que, segundo a denúncia do MPF, ficou preso na Colômbia de 1997 a 2005 por estelionato e falsidade documental, passou a atuar no Brasil no início de 2008. Viajou a São Paulo e ao Paraná e conversou com pilotos e donos de aviões e de hangares para criar uma empresa aérea que teria o nome de Presidential Air. Com recursos de uma conta no México, comprou, por US$ 969 mil (R$ 1,75 milhão) um avião turbo-hélice em Curitiba.
O avião ficou registrado em nome do brasileiro Luna, que, para isso, recebeu US$ 10 mil. O valor foi subfaturado no recibo da venda (US$ 650 mil). Ordoñez era dono de outro avião, apreendido em Ribeirão Preto (SP) anos atrás por problemas com a Receita Federal.
Para a PF, eram os primeiros passos na formação de uma empresa de fachada para mandar cocaína para Europa e EUA, por meio de Venezuela, Panamá e Burkina Faso, na África.
Na sentença, o juiz De Sanctis ressaltou trechos do depoimento do colombiano Suarez, que estava no Brasil havia cinco anos. Ele contou ter acompanhado viagens de Ordoñez e de Mantilla, quando teria ouvido referências ao transporte de "melcocha", o nome de um doce que, na gíria do narcotráfico, significaria cocaína.
"Javier fala para mim que a ideia é enviar "melcocha" a Burkina Faso, porque os controles e o pessoal que chefia o aeroporto, as autoridades, estão todos envolvidos no negócio de receber o avião com tranquilidade", disse Suarez.
Em depoimento, o brasileiro Luna dos Santos contou ter ido a Bogotá, na Colômbia, no avião recém-comprado. "Andávamos em Bogotá com Javier em carros blindados e tinha outras pessoas acompanhando, algumas armadas com pistolas (...)", disse Santos.
De acordo com a decisão do juiz De Sanctis, Ordoñez e Mantilla estavam montando uma estrutura de distribuição de drogas em outros países, por meio da compra de aviões com recursos do narcotráfico.


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