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Colombianos são punidos por lavagem de dinheiro
Dois aviões em poder dos traficantes
foram confiscados pela Justiça
Juiz condena três traficantes
colombianos e um brasileiro
por esquema no Brasil; para a
polícia, grupo queria enviar
cocaína para Europa e EUA
RUBENS VALENTE
DA REPORTAGEM LOCAL
A Justiça Federal de São Paulo condenou à prisão três colombianos por lavagem de dinheiro do narcotráfico e confiscou dois aviões turbo-hélices,
que passam a ser patrimônio da
Secretaria de Justiça e Segurança Pública do governo do
Mato Grosso do Sul.
A decisão foi tomada na última quinta-feira pelo juiz da 6ª
Vara Federal Criminal de São
Paulo, Fausto De Sanctis. Os
réus estão presos desde março,
quando foi deflagrada a Operação Aquário, força-tarefa da
Polícia Federal e da Procuradoria da República em São Paulo.
Foram condenados os colombianos Jorge Enrique Rincon Ordoñez (onze anos de reclusão), Javier Hernando Mantilla (nove anos e sete meses) e
Willian Encizo Suarez (quatro
anos e nove meses) e o brasileiro Carlos José Luna dos Santos
(sete anos). Na mesma decisão,
o juiz absolveu, por falta de provas, três denunciados pelo Ministério Público Federal.
No processo, há cópias de
mandado de prisão da Corte
Distrital de Miami (EUA) e pedido de extradição formulado
pelos Estados Unidos à Colômbia contra Ordoñez, apontado
pela Polícia Federal como o líder do grupo preso no Brasil.
Ordoñez, que, segundo a denúncia do MPF, ficou preso na
Colômbia de 1997 a 2005 por
estelionato e falsidade documental, passou a atuar no Brasil no início de 2008. Viajou a
São Paulo e ao Paraná e conversou com pilotos e donos de
aviões e de hangares para criar
uma empresa aérea que teria o
nome de Presidential Air. Com
recursos de uma conta no México, comprou, por US$ 969 mil
(R$ 1,75 milhão) um avião turbo-hélice em Curitiba.
O avião ficou registrado em
nome do brasileiro Luna, que,
para isso, recebeu US$ 10 mil. O
valor foi subfaturado no recibo
da venda (US$ 650 mil). Ordoñez era dono de outro avião,
apreendido em Ribeirão Preto
(SP) anos atrás por problemas
com a Receita Federal.
Para a PF, eram os primeiros
passos na formação de uma
empresa de fachada para mandar cocaína para Europa e EUA,
por meio de Venezuela, Panamá e Burkina Faso, na África.
Na sentença, o juiz De Sanctis ressaltou trechos do depoimento do colombiano Suarez,
que estava no Brasil havia cinco
anos. Ele contou ter acompanhado viagens de Ordoñez e de
Mantilla, quando teria ouvido
referências ao transporte de
"melcocha", o nome de um doce que, na gíria do narcotráfico,
significaria cocaína.
"Javier fala para mim que a
ideia é enviar "melcocha" a Burkina Faso, porque os controles
e o pessoal que chefia o aeroporto, as autoridades, estão todos envolvidos no negócio de
receber o avião com tranquilidade", disse Suarez.
Em depoimento, o brasileiro
Luna dos Santos contou ter ido
a Bogotá, na Colômbia, no avião
recém-comprado. "Andávamos
em Bogotá com Javier em carros blindados e tinha outras
pessoas acompanhando, algumas armadas com pistolas (...)",
disse Santos.
De acordo com a decisão do
juiz De Sanctis, Ordoñez e
Mantilla estavam montando
uma estrutura de distribuição
de drogas em outros países, por
meio da compra de aviões com
recursos do narcotráfico.
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