São Paulo, domingo, 21 de outubro de 2001

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Falta de diagnóstico gera preconceito

DA REPORTAGEM LOCAL

Dores generalizadas pelo corpo, enxaqueca, insônia, várias consultas aos mais diversos especialistas e demora no diagnóstico da doença. Esses são alguns dos sintomas ou situações que os fibromiálgicos têm em comum.
Eles também relatam histórias de preconceito, já que a inexistência de exame físico que comprove a doença faz com que muita gente desconfie das queixas.
A dona-de-casa Virgínia Palermo, 34, demorou seis anos para conseguir diagnosticar o que provocava as dores que sentia nas costas, a enxaqueca, a falta de ânimo e a insônia.
Ela afirma que começou a sentir os sintomas de fibromialgia em 95, logo depois de dar à luz a filha, e os médicos relacionavam os sintomas ao período pós-parto.
Desde então, Virgínia passou por quatro ortopedistas, quatro reumatologistas, cinco clínicos-gerais, um imunologista, um dermatologista e um ginecologista. Nenhum deles conseguiu descobrir a causa de tanta dor.
Na falta de um diagnóstico, a família e os amigos de Virgínia acreditavam que ela estava com problemas emocionais. Ela chegou a procurar um psiquiatra, mas só começou a melhorar há um mês, quando a fibromialgia foi finalmente diagnosticada e ela iniciou tratamento, que inclui hidroterapia. "Foi um alívio. Finalmente espero viver melhor", afirma a dona-de-casa.
O autônomo Rosmarino Ranzer de Oliveira, 31, de Caraguatatuba (SP), diz que sofre de dores nas pernas desde a infância, embora a doença só tenha sido diagnosticada há dois anos.
A partir dos 18 anos, de acordo com ele, as dores se espalharam por todas as articulações e músculos do corpo e foram associadas à fadiga, insônia e cansaço.
"Ninguém conseguia identificar o que eu tinha. As pessoas me olhavam estranho, não acreditavam na minha dor", afirma. Há dois anos, ele não conseguiu mais andar e passou a se locomover em uma cadeira de rodas.
Com a ajuda de amigos e da prefeitura da sua cidade, começou a fazer fisioterapia em uma clínica particular em São Paulo que dispõe de equipamentos que permitem que ele faça exercícios passivos de baixo impacto.
Os primeiros resultados começaram a surgir há dois meses, quando deu os primeiros passos com a ajuda de muletas. Os distúrbios do sono e a enxaqueca também diminuíram 80%, de acordo com ele.



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