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CIDADANIA
Levantamento, feito pela PUC-SP, entrevistou 1.725 moradores das cidades de São Paulo, Rio de Janeiro e Recife
Idosos não têm a dignidade respeitada, diz pesquisa
CHICO DE GOIS
DA REPORTAGEM LOCAL
Os idosos, principalmente para
os moradores do Rio de Janeiro,
são os mais desrespeitados em
sua dignidade humana. Pelo menos esse é o sentimento da maioria dos 1.725 entrevistados do Relatório sobre a Dignidade Humana e a Paz no Brasil, feito pela
Pontifícia Universidade Católica
de São Paulo (PUC-SP). A pesquisa, divulgada ontem, ouviu moradores das cidades de São Paulo,
Rio de Janeiro e Recife.
De acordo com o levantamento,
no Rio, 40,8% dos entrevistados
consideraram que os idosos são
desrespeitados. Em São Paulo, essa percepção foi de 28,2% e, no
Recife, de 25,5%. O segundo
exemplo onde a dignidade humana é mais atingida, de acordo com
o relatório, é o preconceito de raça
ou de cor. Esse sentimento foi manifestado por 27,4% dos moradores de São Paulo, 25,5% do Rio, e
21,5% no Recife.
Questões como a pobreza e a fome, no entanto, causam diferentes reações na população. Em São
Paulo, 18,2% relacionaram o problema ao desrespeito à dignidade.
No Rio, o índice foi de 10,5% e, no
Recife, de 6,9%.
Francisco Whitaker, responsável pela elaboração do relatório,
disse que o porquê das respostas
dos moradores será analisado numa etapa posterior.
O conceito de dignidade utilizado pela pesquisa baseia-se, entre
outros, em uma definição do filósofo Immanuel Kant (1724-1804).
"Uma coisa que tem preço pode
ser substituída por outra que lhe
seja equivalente, mas quando está
acima de qualquer preço, por não
haver outra que lhe seja equivalente, tem dignidade."
A conceituação apóia-se ainda
na Declaração Universal dos Direitos do Homem para dimensionar a importância da dignidade.
"Todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e em
direitos", diz o artigo primeiro.
O relatório aponta que, em São Paulo, 71,2% consideraram que não há respeito à dignidade humana. No Rio, esse percentual foi de 85,6% e, no Recife, 82,1%. Dos
entrevistados de São Paulo, 35,7%
disseram que somente a dignidade humana da minoria está sendo
respeitada. Em 2002, essa resposta foi dada por 18%.
"Se a noção de dignidade não estiver clara para o população, é mais provável que ela seja mais desrespeitada", disse Whitaker. Nesse contexto, 87,9% dos entrevistados em Recife disseram que é preciso fazer alguma coisa em casos de desrespeito. No Rio de Janeiro, 87% disseram a mesma coisa e, em São Paulo, 84,9%.
O professor Carlos Eduardo Meirelles Matheus, titular do Departamento de Filosofia da PUC e responsável pela execução da pesquisa, afirmou que os questionários têm como objetivo aferir o nível de conhecimento sobre a noção de dignidade, a percepção das pessoas sobre o desrespeito, e a capacidade de agir e se indignar.
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