São Paulo, sábado, 21 de outubro de 2006

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Prefeitura de SP constrói parques antienchentes

Objetivo é aumentar a permeabilização dos terrenos e ampliar as áreas verdes

Segundo geólogo, parques lineares não têm capacidade hidráulica de substituir piscinões; poluição da água é problema em ambos

AFRA BALAZINA
DA REPORTAGEM LOCAL

A Prefeitura de São Paulo deu início neste mês à construção do primeiro de cinco parques antienchente na cidade. O objetivo dos parques, chamados lineares porque acompanham córregos, é ampliar as áreas verdes, aumentar a permeabilização dos terrenos e, assim, evitar as inundações no período das chuvas.
As obras já começaram no córrego do Sapé, em Rio Pequeno (zona oeste de São Paulo). Os outros locais que ganharão parques antienchente no próximo ano são as regiões das represas Billings (córrego Cocaia) e Guarapiranga (córrego Caulim), a serra da Cantareira (córregos Bananal e Bispo) e Aricanduva. A prefeitura espera que as licitações aconteçam no primeiro semestre de 2007.
Os parques terão de 8 km a 10 km de extensão. O Orçamento do ano que vem prevê R$ 40 milhões para sua implantação.
Além da verba prevista, devem ser usados recursos do Fundo de Desenvolvimento Urbano.
"Faremos a recuperação dos corpos d'água, recomposição da área verde, plantio de árvores. Colocaremos ciclovia e caminho para pedestres. Onde couber, faremos também playground e quadras", diz Alejandra Maria Devecchi, da Secretaria Municipal do Verde e do Meio Ambiente.
Segundo a Subprefeitura do Butantã, as obras no córrego do Sapé vão evitar que cerca de 10 mil pessoas sofram com enchentes. Segundo a administração regional, a intenção é urbanizar a favela que existe lá. Atualmente, São Paulo já possui um parque linear, na avenida Tiquatira (zona leste).

Piscinões
Para a professora da Escola Politécnica da USP Mônica Porto, tanto os piscinões quanto os parques são boas soluções para as enchentes. "Depende do espaço. Piscinões são mais compactos. Mas, sob o aspecto estético, o parque é melhor."
As duas alternativas, entretanto, esbarram no problema da poluição. "O piscinão vira um depósito de água suja e o parque também terá água suja e mal cheirosa correndo."
Para o geólogo Álvaro dos Santos, ex-Diretor de Planejamento e Gestão do IPT, "piscinões são verdadeiras bombas urbanísticas" que viraram moda no combate às enchentes. Segundo ele, no entanto, os parques não têm capacidade hidráulica de os substituir.
Também criados para combater enchentes, alguns dos 16 piscinões existentes na cidade de São Paulo estão precisando de limpeza. No Pacaembu, o problema é o acúmulo de ratos e baratas causado por restos de feira que entram no piscinão, localizado embaixo da praça Charles Muller. "Há meses não há faxina nem dedetização", diz Iênedis Benfati, do movimento Viva Pacaembu. A Subprefeitura da Sé afirma que vistoriou o piscinão em setembro e constatou que estava limpo.
No Campo Limpo, o piscinão funciona, mas atrai pernilongos. Já na Nova Cachoeirinha, o piscinão Guaraú não é faxinado desde 2005, diz Henrique Delote, da associação de moradores. A Subprefeitura Casa Verde/ Cachoeirinha diz que a limpeza tem sido feita.
Na opinião do professor de pós-graduação em Ciência Ambiental da USP Pedro Jacobi, a construção de parques lineares pode não ser bem aceita sempre pela população. "Em pesquisas que fiz na área do córrego Pirajussara, 50% das pessoas pediam simplesmente a canalização do córrego."
Em sua opinião, entretanto, os parques antienchente são válidos. "É uma saída interessante e ousada. Uma atitude mais preventiva."


Colaborou DANIELA TÓFOLI , da Reportagem Local

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