|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Prefeitura de SP constrói parques antienchentes
Objetivo é aumentar a permeabilização dos terrenos e ampliar as áreas verdes
Segundo geólogo, parques lineares não têm capacidade hidráulica de substituir piscinões; poluição da água é problema em ambos
AFRA BALAZINA
DA REPORTAGEM LOCAL
A Prefeitura de São Paulo
deu início neste mês à construção do primeiro de cinco parques antienchente na cidade. O
objetivo dos parques, chamados lineares porque acompanham córregos, é ampliar as
áreas verdes, aumentar a permeabilização dos terrenos e,
assim, evitar as inundações no
período das chuvas.
As obras já começaram no
córrego do Sapé, em Rio Pequeno (zona oeste de São Paulo).
Os outros locais que ganharão
parques antienchente no próximo ano são as regiões das represas Billings (córrego Cocaia) e Guarapiranga (córrego
Caulim), a serra da Cantareira
(córregos Bananal e Bispo) e
Aricanduva. A prefeitura espera que as licitações aconteçam
no primeiro semestre de 2007.
Os parques terão de 8 km a 10
km de extensão. O Orçamento
do ano que vem prevê R$ 40
milhões para sua implantação.
Além da verba prevista, devem
ser usados recursos do Fundo
de Desenvolvimento Urbano.
"Faremos a recuperação dos
corpos d'água, recomposição
da área verde, plantio de árvores. Colocaremos ciclovia e caminho para pedestres. Onde
couber, faremos também playground e quadras", diz Alejandra Maria Devecchi, da Secretaria Municipal do Verde e do
Meio Ambiente.
Segundo a Subprefeitura do
Butantã, as obras no córrego do
Sapé vão evitar que cerca de 10
mil pessoas sofram com enchentes. Segundo a administração regional, a intenção é urbanizar a favela que existe lá.
Atualmente, São Paulo já
possui um parque linear, na
avenida Tiquatira (zona leste).
Piscinões
Para a professora da Escola
Politécnica da USP Mônica
Porto, tanto os piscinões quanto os parques são boas soluções
para as enchentes. "Depende
do espaço. Piscinões são mais
compactos. Mas, sob o aspecto
estético, o parque é melhor."
As duas alternativas, entretanto, esbarram no problema
da poluição. "O piscinão vira
um depósito de água suja e o
parque também terá água suja e
mal cheirosa correndo."
Para o geólogo Álvaro dos
Santos, ex-Diretor de Planejamento e Gestão do IPT, "piscinões são verdadeiras bombas
urbanísticas" que viraram moda no combate às enchentes.
Segundo ele, no entanto, os
parques não têm capacidade
hidráulica de os substituir.
Também criados para combater enchentes, alguns dos 16
piscinões existentes na cidade
de São Paulo estão precisando
de limpeza. No Pacaembu, o
problema é o acúmulo de ratos
e baratas causado por restos de
feira que entram no piscinão,
localizado embaixo da praça
Charles Muller. "Há meses não
há faxina nem dedetização", diz
Iênedis Benfati, do movimento
Viva Pacaembu. A Subprefeitura da Sé afirma que vistoriou o
piscinão em setembro e constatou que estava limpo.
No Campo Limpo, o piscinão
funciona, mas atrai pernilongos. Já na Nova Cachoeirinha, o
piscinão Guaraú não é faxinado
desde 2005, diz Henrique Delote, da associação de moradores. A Subprefeitura Casa Verde/ Cachoeirinha diz que a limpeza tem sido feita.
Na opinião do professor de
pós-graduação em Ciência Ambiental da USP Pedro Jacobi, a
construção de parques lineares
pode não ser bem aceita sempre pela população. "Em pesquisas que fiz na área do córrego Pirajussara, 50% das pessoas
pediam simplesmente a canalização do córrego."
Em sua opinião, entretanto,
os parques antienchente são
válidos. "É uma saída interessante e ousada. Uma atitude
mais preventiva."
Colaborou DANIELA TÓFOLI , da Reportagem
Local
Texto Anterior: Memória: Em 2004, 15 ficaram feridos em protesto Próximo Texto: Prédio de R$ 320 milhões na avenida Faria Lima tem Habite-se cassado Índice
|